Cachorro idoso com dor na coluna: O que fazer?
- Felipe Garofallo
- 7 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
Quando um cachorro idoso começa a apresentar sinais de dor na coluna, é fundamental que os tutores estejam atentos e busquem orientação veterinária o quanto antes.
A dor pode se manifestar de diversas formas, como dificuldade para se levantar, relutância em subir escadas ou pular em móveis, alterações no comportamento, vocalizações ao ser tocado ou movimentado e até tremores ou arqueamento das costas. Esses sinais podem ser sutis no início, mas tendem a se agravar com o tempo se a causa não for identificada e tratada de maneira adequada.
A coluna vertebral dos cães, assim como a dos humanos, sofre um processo natural de desgaste com o avanço da idade. Isso pode levar a condições como a espondilose deformante, a espondilomielopatia (também chamada de síndrome de Wobbler), as hérnias de disco e as protrusões discais, entre outras alterações degenerativas.
Algumas raças, como o Dachshund, o Lhasa Apso e o Shih-Tzu, são mais predispostas a problemas de disco intervertebral, mas qualquer cão idoso pode ser afetado por essas alterações estruturais.
O primeiro passo diante de um quadro de dor na coluna é realizar uma avaliação clínica com um médico-veterinário, preferencialmente um especialista em ortopedia ou neurologia veterinária. Durante a consulta, o profissional avaliará a postura do animal, sua marcha, sensibilidade, reflexos e outras informações clínicas importantes.
Em muitos casos, exames complementares são necessários para confirmar o diagnóstico e entender a gravidade do problema. As radiografias simples podem mostrar alterações ósseas importantes, mas exames de imagem mais avançados, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, são os mais indicados para visualizar com precisão as estruturas da medula espinhal e os discos intervertebrais.
O tratamento depende da causa da dor, da gravidade do quadro e das condições gerais do paciente. Em casos leves, o manejo conservador pode ser suficiente.
Isso inclui o uso de anti-inflamatórios, analgésicos, repouso controlado e fisioterapia veterinária, que desempenha um papel fundamental na reabilitação e controle da dor crônica. Sessões com equipamentos como laser terapêutico, eletroestimulação e ultrassom terapêutico, associadas a exercícios específicos, ajudam a manter a mobilidade, reduzir a inflamação e prevenir a perda de massa muscular.
Nos casos em que há compressão severa da medula espinhal ou falha no tratamento conservador, pode ser indicada a cirurgia descompressiva.
Esse tipo de intervenção é mais delicado em cães idosos e deve ser cuidadosamente avaliado, considerando os riscos anestésicos e o prognóstico pós-operatório. Ainda assim, muitos cães idosos têm excelente recuperação quando o procedimento é realizado por uma equipe experiente e o pós-operatório é bem conduzido.
Além do tratamento direto da dor, é importante adaptar o ambiente para que o animal tenha mais conforto e segurança. Superfícies escorregadias devem ser evitadas, rampas podem ser instaladas para substituir escadas e os locais de descanso devem ser confortáveis, com colchões ortopédicos e de fácil acesso.
A suplementação com condroitina, glicosamina e ômega 3 também pode ser benéfica em alguns casos, sempre com orientação veterinária.
O manejo da dor na coluna em cães idosos exige atenção contínua, reavaliações periódicas e um plano terapêutico ajustado às necessidades individuais do paciente. Com os cuidados certos, é possível oferecer qualidade de vida e bem-estar mesmo diante de doenças degenerativas da coluna, permitindo que o cão continue a viver com dignidade, conforto e alegria ao lado de sua família.
Referências bibliográficas:
Brisson BA. Intervertebral disc disease in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2010;40(5):829–858.
da Costa RC. Cervical spondylomyelopathy (wobbler syndrome) in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2010;40(5):881–913.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.