Quando é necessário fazer tomografia em cães?
- Felipe Garofallo

- 12 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A tomografia computadorizada (TC) é uma ferramenta de diagnóstico por imagem cada vez mais utilizada na medicina veterinária, especialmente em casos onde radiografias convencionais ou ultrassonografias não oferecem detalhes suficientes para uma avaliação precisa.

Em cães, a indicação para realização de uma tomografia surge, principalmente, quando há a necessidade de obter imagens mais detalhadas de estruturas internas, como ossos, articulações, cavidade nasal, crânio, coluna vertebral, cavidade torácica ou órgãos abdominais.
Uma das indicações mais comuns é a investigação de doenças neurológicas. Em pacientes que apresentam crises convulsivas, alterações de comportamento, andar em círculos, desequilíbrio ou outras alterações neurológicas, a tomografia permite avaliar o encéfalo em busca de lesões como tumores, inflamações, hidrocefalia ou sangramentos.
Embora a ressonância magnética seja superior para avaliar o parênquima cerebral, a tomografia ainda é bastante útil quando a suspeita envolve estruturas ósseas do crânio ou quando há limitações de acesso à ressonância.
Na ortopedia, a tomografia é indicada principalmente em casos de fraturas complexas, displasias, luxações articulares ou para o planejamento pré-operatório de cirurgias ortopédicas, como correções de deformidades ósseas.
Por fornecer imagens em cortes finos e tridimensionais, ela permite ao cirurgião ter uma visão detalhada da anatomia do paciente e planejar a intervenção com mais precisão. Isso é especialmente importante em fraturas articulares, onde o posicionamento preciso dos implantes pode impactar diretamente o sucesso da recuperação.
A avaliação da cavidade nasal também é uma indicação frequente. Cães com secreção nasal persistente, espirros crônicos, sangramentos nasais ou deformações faciais podem se beneficiar do exame para investigação de corpos estranhos, infecções fúngicas, neoplasias ou alterações anatômicas. A TC permite diferenciar essas causas com mais clareza do que a radiografia, pois oferece cortes detalhados e tridimensionais, facilitando a identificação de alterações em áreas de difícil visualização.
Na região torácica, embora a radiografia ainda seja amplamente utilizada, a tomografia pode ser solicitada quando há suspeita de massas pulmonares, linfonodos aumentados ou malformações vasculares, como o arcabouço vascular pulmonar. A avaliação da cavidade abdominal, por sua vez, pode ser feita em casos selecionados, especialmente quando há suspeitas de massas intra-abdominais, lesões hepáticas, esplênicas ou pancreáticas que não foram totalmente esclarecidas por ultrassonografia.
Outro uso importante da tomografia em cães é no estadiamento oncológico. Em pacientes com diagnóstico de câncer, o exame pode ajudar a identificar metástases ou avaliar a extensão de um tumor primário, fornecendo dados cruciais para o planejamento terapêutico e cirúrgico. Além disso, a TC pode ser usada para guiar procedimentos, como biópsias em áreas profundas ou de difícil acesso.
Por fim, a tomografia tem se tornado essencial no planejamento de procedimentos odontológicos e cirurgias na região maxilofacial.
Cães com dor oral persistente, fraturas dentárias ou suspeita de tumores orais podem se beneficiar da TC para uma avaliação detalhada das estruturas ósseas e dentárias, contribuindo para uma abordagem mais segura e eficaz.
Referências bibliográficas:
Schwarz, T., & O'Brien, R. T. (2011). Veterinary Computed Tomography. Wiley-Blackwell.
Thrall, D. E. (2017). Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology (7th ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.