Existe cura para a displasia coxofemoral?
- Felipe Garofallo

- 8 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
A displasia coxofemoral é uma doença ortopédica de caráter hereditário que afeta a articulação do quadril, sendo muito comum em cães de médio e grande porte.

A displasia coxofemoral ocorre devido a um desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral, o que leva a um encaixe imperfeito entre a cabeça do fêmur e o acetábulo.
Com o tempo, essa incongruência articular provoca desgaste da cartilagem, inflamação e dor, podendo evoluir para um quadro de osteoartrite grave.
Embora seja uma condição que tenha origem genética, fatores ambientais como ganho excessivo de peso, crescimento muito rápido e exercícios de alto impacto na fase de desenvolvimento também podem agravar o problema e antecipar seus sinais clínicos.
Não existe uma cura definitiva para a displasia coxofemoral no sentido de restaurar a articulação ao seu formato natural e saudável de forma espontânea. Entretanto, existem tratamentos capazes de proporcionar qualidade de vida, reduzir a dor e restaurar, parcial ou totalmente, a função dos membros.
Em casos mais leves, especialmente quando diagnosticados precocemente, é possível controlar os sintomas com manejo de peso, fisioterapia, uso de condroprotetores, analgésicos e anti-inflamatórios. Sessões regulares de fisioterapia e fortalecimento muscular ajudam a estabilizar a articulação e reduzir a sobrecarga.
Nos casos moderados a graves, especialmente quando há perda significativa de função ou dor persistente, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados.
Entre as opções, destacam-se a osteotomia dupla da pelve, indicada para cães jovens sem degeneração articular avançada, a colocefalectomia, que remove a cabeça e o colo do fêmur para eliminar o contato doloroso, e a prótese total de quadril, que substitui toda a articulação por componentes artificiais, oferecendo o resultado mais próximo de uma articulação normal.
A escolha da técnica depende da idade, do grau de degeneração, do porte do animal e das expectativas do tutor em relação à atividade física do pet.
Portanto, embora não seja possível falar em cura completa no sentido biológico, o tratamento adequado, especialmente quando realizado precocemente e de forma personalizada, pode permitir que o cão viva sem dor e com boa mobilidade por muitos anos.
O acompanhamento veterinário periódico e o comprometimento do tutor com o manejo clínico ou cirúrgico são fundamentais para o sucesso a longo prazo.
Referências bibliográficas
Johnston SA, Tobias KM. Veterinary Surgery Small Animal. Elsevier, 2018.
Fossum TW. Small Animal Surgery. Elsevier, 2019.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.