A displasia coxofemoral em cães é uma condição complexa e poligênica, o que significa que não é causada por um único gene, mas sim por uma combinação de múltiplos genes e suas interações com fatores ambientais.
Esse fator poligênico torna difícil identificar um único gene responsável pela condição. No entanto, várias pesquisas têm identificado regiões genômicas e marcadores genéticos que estão associados a um risco aumentado de displasia coxofemoral.
Diversos estudos genéticos em diferentes raças de cães têm apontado para a existência de múltiplos loci (locais no genoma) que contribuem para a predisposição à displasia coxofemoral. Algumas das regiões mais frequentemente associadas incluem aquelas contendo genes envolvidos na formação e no desenvolvimento do osso e da cartilagem, como os genes que codificam as proteínas colágeno e outras proteínas da matriz extracelular.
Um exemplo significativo é o gene COL1A1, que codifica uma das subunidades do colágeno tipo I, uma proteína essencial na formação do tecido conjuntivo. Alterações ou mutações neste gene podem afetar a qualidade e a resistência do colágeno, contribuindo para problemas no desenvolvimento articular.
Além disso, o gene FBN2, que codifica a proteína fibrilina-2, também foi identificado como um candidato em alguns estudos. A fibrilina-2 é importante para a integridade dos tecidos elásticos, e mutações nesse gene podem influenciar a elasticidade e a resistência dos ligamentos e tendões que suportam a articulação do quadril.
Estudos de associação genômica ampla têm identificado vários SNPs (polimorfismos de nucleotídeo único) em diferentes regiões do genoma que estão associados a um risco aumentado de displasia coxofemoral. Essas descobertas sugerem que múltiplos genes e vias biológicas estão envolvidos na predisposição à displasia coxofemoral, incluindo genes relacionados ao desenvolvimento ósseo, ao metabolismo da cartilagem e à regulação da inflamação.
No entanto, é importante destacar que a displasia coxofemoral não é determinada apenas por fatores genéticos. O ambiente e o manejo desempenham papéis cruciais no desenvolvimento da doença. Fatores como nutrição, exercício, peso corporal e traumas podem influenciar significativamente a manifestação clínica da displasia coxofemoral, mesmo em cães geneticamente predispostos.
Portanto, enquanto a genética molecular continua a avançar e a identificar novos genes e marcadores associados à displasia coxofemoral, a abordagem mais eficaz para lidar com essa condição envolve uma combinação de testes genéticos, manejo ambiental adequado e programas de melhoramento genético voltados para a redução da incidência da doença.
Referências bibliográficas
Lucaci, Felix & Lăcătuş, Radu & Cristian, Purdoiu & Pusta, Dana. (2021). Study on Canine Hip Dysplasia and its Diagnosis by Imaging and Molecular Genetics Technique. Bulletin of University of Agricultural Sciences and Veterinary Medicine Cluj-Napoca. Veterinary Medicine. 78. 1. 10.15835/buasvmcn-vm:2020.0031.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial ou consultoria on-line por vídeo pelo whatsapp (11)91258-5102
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