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CCWO (Closing Cranial Wedge Osteotomy) em cães

Atualizado: 12 de set.

A osteotomia em cunha cranial fechada, conhecida como CCWO (Closing Cranial Wedge Osteotomy) ou CTWO, é uma técnica cirúrgica utilizada no tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCC) em cães.


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Embora menos popular atualmente do que a TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy), a CCWO representa uma alternativa viável em casos selecionados, especialmente em cães com características anatômicas que dificultam ou limitam a execução de outras técnicas.


A base biomecânica da cirurgia envolve a modificação do ângulo do platô tibial (TPA), que é uma das principais forças envolvidas na instabilidade do joelho após a ruptura do LCC.


Cães com um TPA muito inclinado, frequentemente acima de 30 graus, apresentam maior cisalhamento tibial durante a carga, o que favorece a translação cranial da tíbia e agrava o quadro de instabilidade articular.


A técnica da CCWO propõe a retirada de uma cunha de osso da porção proximal da tíbia, com a base voltada cranialmente. Após a remoção dessa cunha, o osso é aproximado, promovendo a rotação da superfície articular tibial e reduzindo o ângulo do platô.


Com essa modificação, a tíbia passa a suportar o peso do corpo de forma mais perpendicular, reduzindo significativamente a necessidade de estabilização passiva pelo ligamento cruzado, agora ausente.


A execução da CCWO requer planejamento cuidadoso, especialmente na determinação da angulação e do tamanho da cunha a ser removida. Erros nessa etapa podem comprometer o alinhamento do membro ou resultar em encurtamento indesejado da tíbia.


Após a realização da osteotomia, o osso é fixado com placas e parafusos específicos, garantindo a estabilidade necessária para a consolidação óssea. A recuperação inclui repouso, controle da dor e, posteriormente, reabilitação para restaurar a função do membro.


Essa técnica é particularmente útil em cães de raças pequenas ou miniaturas, nos quais a realização da TPLO pode ser tecnicamente desafiadora devido ao tamanho reduzido da tíbia.


Também é indicada em situações em que o platô tibial é tão inclinado que a TPLO não conseguiria compensar adequadamente o cisalhamento, ou ainda quando há deformidades ósseas que justificam a correção angular promovida pela CCWO. Apesar de sua eficácia, a CCWO é considerada uma técnica mais invasiva e menos versátil do que a TPLO.


O encurtamento ósseo, embora geralmente discreto, pode ser um fator de preocupação em animais com crescimento ainda em curso ou em pacientes que já apresentam dismetrias. Além disso, como envolve uma remoção definitiva de osso, a técnica é menos adaptável a correções futuras, o que exige precisão na execução inicial.


Com a popularização de técnicas como TPLO e TTA, a CCWO passou a ser menos frequentemente utilizada na prática clínica, mas ainda ocupa um papel importante em casos específicos, sendo possível inclusive em cães filhotes, pois desvia das linhas de crescimento.


Em mãos experientes e com indicação adequada, a CCWO proporciona resultados satisfatórios e é uma alternativa segura para o tratamento da instabilidade do joelho em cães com ruptura do ligamento cruzado cranial.


Referências:

Slocum, B., Slocum, T.D. Tibial Plateau Leveling Osteotomy for Cranial Cruciate Ligament Rupture: Rationale and Biomechanics. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 1993.

Piermattei, D.L., Flo, G.L., DeCamp, C.E. Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5ª ed. Elsevier, 2016.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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