CTWO (Closing Tibial Wedge Osteotomy) em cães
- Felipe Garofallo

- 18 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
A CTWO (sigla para Closing Tibial Wedge Osteotomy) é uma técnica cirúrgica ortopédica utilizada em cães para o tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCC), especialmente em casos que envolvem ângulos tibiais elevados ou alterações anatômicas que dificultam a aplicação de outras técnicas, como a TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy).

O ligamento cruzado cranial tem papel fundamental na estabilidade do joelho dos cães, impedindo que a tíbia deslize para frente em relação ao fêmur durante o apoio. Quando ocorre sua ruptura, o animal tende a apresentar claudicação, dor e inflamação na articulação do joelho, além de desenvolver rapidamente alterações degenerativas articulares, como a osteoartrose
A CTWO consiste em uma osteotomia (corte cirúrgico do osso) na parte proximal da tíbia, na qual é retirada uma cunha óssea triangular, permitindo o fechamento do espaço ósseo e a alteração do ângulo de inclinação do platô tibial. Ao reduzir esse ângulo, o cirurgião neutraliza a força de cisalhamento cranial gerada durante a locomoção, promovendo maior estabilidade dinâmica ao joelho mesmo na ausência do ligamento cruzado.
Essa técnica é particularmente vantajosa em cães de pequeno e médio porte que apresentam ângulos do platô tibial elevados (acima de 30°), condição comum em algumas raças, como o Spitz Alemão, o Poodle e o Lhasa Apso.
Nesses casos, a realização da TPLO exigiria uma rotação excessiva da superfície tibial, podendo comprometer a biomecânica da articulação ou dificultar o posicionamento adequado da placa de estabilização. A CTWO oferece uma solução biomecanicamente eficiente, com menor manipulação dos tecidos moles e menor necessidade de equipamentos cirúrgicos sofisticados.
Contudo, a CTWO também apresenta desafios. Por ser uma osteotomia em cunha, exige cálculos precisos para determinar o tamanho e a angulação da cunha a ser removida. O planejamento pré-operatório geralmente envolve medições radiográficas detalhadas. Além disso, o risco de encurtamento do membro operado existe, embora geralmente seja clinicamente insignificante.
No pós-operatório, o sucesso da técnica depende da estabilidade da osteotomia, que é normalmente fixada com placas e parafusos.
O uso de placas em L, T ou placas de compressão dinâmica (DCP) é comum. O paciente deve ser submetido a repouso controlado nas primeiras semanas e, em seguida, introduzido gradualmente à fisioterapia para recuperação funcional do membro operado.
Em resumo, a CTWO é uma técnica eficaz e segura para correção da instabilidade do joelho em cães com ruptura do ligamento cruzado cranial, especialmente em pacientes com ângulo tibial excessivo. Sua escolha deve ser baseada em critérios anatômicos individuais e na experiência do cirurgião, sendo uma excelente alternativa para casos em que outras técnicas apresentam limitações.
Referências bibliográficas:
Dejardin, L. M. (2010). Techniques in Veterinary Surgery: Tibial Osteotomies for the Cranial Cruciate Ligament Deficient Stifle. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 40(5), 1095–1110.
Slocum, B., & Slocum, T. D. (1993). Tibial plateau leveling osteotomy for repair of cranial cruciate ligament rupture in the canine. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 23(4), 777–795.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.