Prednisona em cães
- Felipe Garofallo

- 20 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A prednisona é um corticosteroide sintético amplamente utilizado na medicina veterinária para cães, com ação anti-inflamatória, imunossupressora e antialérgica. Derivada da cortisona, a prednisona precisa ser convertida no fígado em sua forma ativa, a prednisolona, para exercer seus efeitos terapêuticos.

Essa conversão é essencial para sua eficácia clínica e deve ser considerada ao prescrever a medicação, especialmente em cães com insuficiência hepática.
Na prática clínica, a prednisona é indicada em uma ampla gama de condições. Entre as mais comuns estão as doenças inflamatórias crônicas (como dermatites alérgicas, artrites e doenças inflamatórias intestinais), doenças autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico, anemia hemolítica autoimune e poliartrite imunomediada) e em protocolos de tratamento para neoplasias, como linfomas, tanto como coadjuvante quanto como parte de quimioterapias.
A prednisona também é usada como agente antiedematoso em traumas ou inflamações neurológicas, e em situações emergenciais como choque anafilático.
A dose da prednisona pode variar bastante, dependendo da finalidade do tratamento. Em doses anti-inflamatórias, geralmente se utiliza de 0,5 a 1 mg/kg por dia. Já em protocolos imunossupressores, as doses são maiores, podendo chegar a 2 a 4 mg/kg por dia, com redução gradual conforme a resposta do paciente.
É fundamental que o desmame seja feito de forma lenta e progressiva para evitar insuficiência adrenal secundária, uma condição em que o organismo para de produzir cortisol endógeno após o uso prolongado de corticosteroides.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão a poliúria, polidipsia, polifagia, ganho de peso e alterações de comportamento. Em tratamentos prolongados, podem ocorrer atrofia muscular, distúrbios hepáticos, imunossupressão severa e predisposição a infecções.
Além disso, o uso de prednisona pode levar à ocorrência da síndrome de Cushing iatrogênica (hiperadrenocorticismo), especialmente quando usada de forma contínua e em doses elevadas. Por isso, é essencial um acompanhamento clínico rigoroso, com exames periódicos e avaliações laboratoriais quando o uso for de longa duração.
O uso da prednisona também deve ser cauteloso em cães diabéticos, com doença renal crônica, hipertensão, úlceras gástricas ou em recuperação cirúrgica.
A associação com anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) deve ser evitada, devido ao alto risco de lesões gastrointestinais severas.
Apesar dos riscos, a prednisona continua sendo uma ferramenta terapêutica valiosa na clínica veterinária, desde que usada com responsabilidade e acompanhamento adequado. Seu custo acessível e eficácia comprovada fazem dela uma escolha frequente para tratar processos inflamatórios e autoimunes em cães.
Referências bibliográficas:
Plumb, D.C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook. 9th ed. Wiley-Blackwell.
Papich, M.G. (2021). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal. 5th ed. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.