Pós-operatório de hérnia de disco em cães: cuidados essenciais
- Felipe Garofallo

- 19 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de set.
O pós-operatório de hérnia de disco em cães é um dos momentos mais decisivos para o sucesso do tratamento e a recuperação da qualidade de vida do animal.

A cirurgia corrige a compressão da medula espinhal, mas é a etapa de cuidados posteriores que determina se o cão voltará a andar, controlar suas funções fisiológicas e retomar suas atividades de forma plena. Por isso, o comprometimento do tutor e o acompanhamento veterinário são fundamentais.
O primeiro cuidado essencial é o repouso. Nos 30 a 40 dias iniciais, o cão deve permanecer em ambiente seguro e restrito, sem acesso a escadas, sofás ou áreas escorregadias.
Antes de seguirmos com o conteúdo, você sabia que até 50% do sucesso do tratamento cirúrgico depende de uma boa orientação prévia e bons cuidados do pet pelo tutor em casa?
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Voltando ao nosso tópico, os movimentos devem ser limitados, permitindo apenas saídas rápidas e controladas para as necessidades fisiológicas, sempre com guia curta ou suporte sob o corpo, caso haja fraqueza nos membros posteriores.
Esse controle reduz o risco de quedas e de sobrecarga sobre a coluna em recuperação.
O manejo da dor também é prioridade.
Após a cirurgia, os cães costumam necessitar de analgésicos, anti-inflamatórios e, em alguns casos, medicamentos específicos para dor neuropática, como a gabapentina.
A administração correta das medicações, nos horários recomendados, garante maior conforto ao animal e contribui para sua recuperação funcional.
Além disso, o monitoramento de efeitos colaterais, como vômitos, diarreia ou inapetência, deve ser feito pelo tutor e comunicado ao veterinário.
O cuidado com a ferida cirúrgica requer atenção diária. É importante inspecionar o local da incisão para verificar a presença de secreção, vermelhidão ou inchaço, que podem indicar infecção.
O uso de colar elizabetano costuma ser necessário para evitar lambeduras ou mordidas que comprometam os pontos. Nos casos em que o cão apresenta incontinência urinária ou fecal no pós-operatório, a higiene da região deve ser ainda mais rigorosa, reduzindo o risco de complicações secundárias.
A fisioterapia veterinária desempenha papel central nesse processo. Sessões supervisionadas, incluindo exercícios passivos, estimulação elétrica, laserterapia ou hidroterapia, ajudam a preservar a musculatura, melhorar a propriocepção e estimular a recuperação neurológica.
O início precoce da reabilitação, ajustado ao estado clínico do paciente, está associado a melhores resultados funcionais.
Outro ponto crítico é o acompanhamento das funções urinária e intestinal. Alguns cães, especialmente aqueles com lesões mais graves, podem apresentar retenção urinária, necessitando de esvaziamento vesical manual ou medicação específica.
O tutor deve estar treinado para essa rotina, evitando complicações como infecções do trato urinário.
O sucesso do pós-operatório depende, em grande parte, do engajamento do tutor. Seguir à risca as orientações do veterinário, oferecer ambiente seguro, administrar corretamente as medicações e investir em fisioterapia são atitudes que aumentam consideravelmente as chances de recuperação completa.
Com dedicação e cuidados adequados, muitos cães submetidos à cirurgia de hérnia de disco retomam suas atividades e vivem com qualidade.
Referências bibliográficas
Brisson BA. Intervertebral disc disease in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2010;40(5):829–858.
Jeffery ND, Levine JM, Olby NJ, Stein VM. Intervertebral disc degeneration in dogs: consequences, diagnosis, treatment, and future directions. Journal of Veterinary Internal Medicine. 2013;27(6):1318–1333.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.
