Pneumonia aspirativa em cães: causas, sintomas e tratamento eficaz
- Felipe Garofallo
- há 4 dias
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A pneumonia aspirativa em cães é uma condição respiratória grave que ocorre quando substâncias estranhas, como alimentos, líquidos, vômito ou até saliva contaminada, são aspiradas para os pulmões em vez de serem deglutidas corretamente.

Essa falha na deglutição pode levar à inflamação dos brônquios e dos alvéolos pulmonares, predispondo o animal a infecções bacterianas severas e potencialmente fatais se não forem tratadas a tempo.
Ocorre com maior frequência em cães que apresentam algum comprometimento neurológico, refluxo gastroesofágico, megaesôfago, ou que passaram por anestesia recentemente — especialmente se o animal regurgitou durante o procedimento.
A aspiração de material estranho para os pulmões provoca uma resposta inflamatória aguda do organismo. Inicialmente, pode haver apenas um desconforto leve, mas, em questão de horas, a inflamação se intensifica e cria um ambiente favorável para a multiplicação de bactérias.
Os sinais clínicos podem variar desde tosse leve e secreção nasal até sintomas graves como dispneia (dificuldade respiratória), febre, letargia, perda de apetite e cianose (coloração azulada das mucosas).
Em alguns casos, o animal pode apresentar vômitos recorrentes ou regurgitação, o que indica que o problema está relacionado ao esôfago e que a pneumonia aspirativa é uma consequência de uma condição primária que precisa ser tratada.
O diagnóstico da pneumonia aspirativa é feito com base na história clínica, exame físico e exames complementares como radiografias torácicas, que revelam alterações inflamatórias localizadas nos lobos pulmonares ventrais, especialmente no lado direito.
Em alguns casos, pode-se utilizar a broncoscopia para visualizar diretamente os brônquios e colher material para cultura e antibiograma, o que auxilia na escolha do antibiótico mais eficaz. O hemograma pode revelar uma leucocitose, indicando infecção, e a gasometria arterial pode ajudar a avaliar o grau de comprometimento da troca gasosa nos pulmões.
O tratamento depende da gravidade do quadro, mas, geralmente, inclui hospitalização para suporte intensivo com oxigenioterapia, fluidoterapia, antibióticos de amplo espectro por via endovenosa, e, quando necessário, nebulização e fisioterapia respiratória.
Nos casos em que há suspeita de presença de conteúdo gástrico ou refluxo como causa primária, também são utilizados protetores gástricos e procinéticos. A monitorização constante da função pulmonar e da resposta ao tratamento é essencial para ajustar as terapias conforme a evolução do paciente.
A prevenção da pneumonia aspirativa envolve o manejo adequado de condições predisponentes, como controlar o refluxo gastroesofágico, alimentar cães com megaesôfago em posição elevada, respeitar o jejum pré-anestésico e observar rigorosamente o pós-operatório.
Em pacientes neurológicos ou com dificuldades de deglutição, é importante adaptar a alimentação e manter vigilância constante. Quando reconhecida precocemente e tratada de forma agressiva, a pneumonia aspirativa pode ter um bom prognóstico. No entanto, quadros avançados ou negligenciados podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, sepse e óbito.
Referências bibliográficas:
King, L. G. (2004). Textbook of Respiratory Disease in Dogs and Cats. Saunders.
Nelson, R. W., & Couto, C. G. (2019). Medicina Interna de Pequenos Animais (5ª ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.