Pamidronato de sódio em cães
- Felipe Garofallo
- 9 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
O Pamidronato de Sódio é um bisfosfonato administrado por via intravenosa e utilizado na medicina veterinária como parte do manejo da dor óssea em cães com neoplasias que afetam ou destroem o tecido ósseo, como osteossarcomas ou metástases ósseas.
Embora não seja um medicamento registrado especificamente para uso veterinário no Brasil, seu uso off-label tem crescido nos últimos anos, especialmente em protocolos paliativos e em contextos oncológicos avançados. Seu principal benefício clínico está na redução da dor decorrente da reabsorção óssea, promovendo mais conforto e qualidade de vida ao paciente.
O pamidronato atua ligando-se à matriz óssea mineralizada e inibindo a atividade dos osteoclastos — células responsáveis pela reabsorção óssea. Ao reduzir essa reabsorção, o fármaco ajuda a preservar a integridade estrutural do osso, reduzindo a fragilidade e a estimulação dos receptores de dor no periósteo.
Essa ação também pode ajudar a prevenir fraturas patológicas em cães com lesões osteolíticas extensas. Além disso, há estudos que sugerem um discreto efeito antiangiogênico e antiproliferativo do pamidronato, embora seu principal uso clínico ainda seja o controle da dor.
A administração do pamidronato é feita por infusão intravenosa lenta, geralmente diluído em solução salina e administrado ao longo de 2 a 4 horas, com intervalo entre aplicações que pode variar de 21 a 28 dias, dependendo da resposta clínica do paciente. A dose mais comum utilizada na medicina veterinária gira em torno de 1 a 2 mg/kg, com ajustes conforme o quadro clínico e o protocolo adotado. Durante e após a infusão, é essencial monitorar o paciente para sinais de intolerância, como letargia, anorexia ou distúrbios gastrointestinais leves.
Entre os efeitos adversos relatados, o mais relevante é a possível nefrotoxicidade, já que o pamidronato é excretado de forma quase exclusiva pelos rins. Por esse motivo, recomenda-se avaliação prévia da função renal antes da primeira aplicação e monitoramento regular da ureia e creatinina durante o tratamento. A hidratação adequada também é uma medida preventiva importante para reduzir riscos de injúria renal. Em casos mais raros, podem ocorrer alterações eletrolíticas ou reações leves durante a infusão, como náuseas e desconforto.
O pamidronato geralmente não é utilizado isoladamente, mas sim como parte de um protocolo analgésico multimodal. Pode ser associado a anti-inflamatórios não esteroidais, opioides, gabapentina, amantadina ou outros adjuvantes, de acordo com o grau de dor e a resposta do paciente. Em muitos casos, seu uso permite a redução da dose de outros analgésicos, otimizando o controle da dor e minimizando efeitos colaterais de medicamentos mais agressivos.
Em suma, o pamidronato de sódio representa uma ferramenta terapêutica valiosa na medicina veterinária, sobretudo em pacientes oncológicos com lesões ósseas dolorosas, fraturas iminentes ou resistência à analgesia convencional.
Quando usado com critério e monitoramento adequado, pode oferecer alívio significativo da dor, melhorar a mobilidade e permitir que o cão mantenha uma boa qualidade de vida, mesmo diante de um diagnóstico grave. Seu papel é especialmente relevante em contextos paliativos, onde o foco está na dignidade e no conforto do paciente.
Referências bibliográficas:
Fan, T. M., Charney, S. C., de Lorimier, L. P., & Garrett, L. D. (2007). Use of bisphosphonates in companion animals with neoplastic bone disease. Journal of Veterinary Internal Medicine, 21(1), 53–59.
Allen, M. J. (2003). Clinical applications of bisphosphonates in veterinary medicine. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 33(1), 153–170.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.