Conheça as três leis de Paley na ortopedia veterinária
- Felipe Garofallo
- 22 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de jul.
As três leis de Paley são princípios fundamentais da ortopedia moderna, aplicadas especialmente na análise de deformidades ósseas em radiografias, com grande utilidade tanto na medicina humana quanto na veterinária.

Desenvolvidas por Dror Paley, cirurgião ortopédico renomado, essas leis oferecem uma abordagem lógica e sistemática para descrever, quantificar e planejar a correção de desalinhamentos ósseos.
Elas são particularmente úteis para o entendimento das deformidades angulares e rotacionais, contribuindo para o planejamento cirúrgico preciso em casos de crescimento anormal, traumas ou sequelas de fraturas mal consolidadas.
A primeira lei de Paley afirma que uma deformidade angular em um osso longo deve ser avaliada a partir de seu Centro de Rotação de Angulação (CORA).
O CORA é o ponto onde as linhas dos eixos anatômico proximal e distal se encontram, revelando a localização exata da angulação anormal. Quando a osteotomia (corte cirúrgico do osso) é realizada nesse ponto, a correção pode ser feita apenas com angulação, sem necessidade de translação óssea.
Essa lei permite identificar com precisão o local ideal para realizar a correção cirúrgica da deformidade, garantindo um realinhamento mais eficaz e biomecanicamente estável.
A segunda lei de Paley diz que, se a osteotomia for realizada fora do CORA, a correção angular gerará translação como consequência. Isso significa que, quando a angulação é corrigida longe do ponto onde ela realmente ocorre, cria-se um desvio lateral ou medial da extremidade óssea, o que pode afetar o alinhamento global do membro e a distribuição de cargas.
Essa translação indesejada pode exigir ajustes adicionais, como a aplicação de placas ou fixadores externos que compensem esse deslocamento. Portanto, quanto mais distante a osteotomia estiver do CORA, maior será a translação resultante, tornando o planejamento cirúrgico ainda mais crítico.
A terceira lei de Paley estabelece que é possível corrigir a deformidade angular fora do CORA sem gerar translação, desde que seja aplicada uma dupla angulação que compense o deslocamento inicial. Essa abordagem é mais complexa e exige um planejamento geométrico preciso, sendo útil em situações em que não é possível intervir diretamente no CORA, como em áreas com limitações anatômicas ou proximidade de articulações.
Essa lei demonstra a flexibilidade que o cirurgião pode ter ao lidar com deformidades complexas, especialmente em cães com crescimento incompleto ou múltiplas alterações ósseas associadas.
Na medicina veterinária, o entendimento das leis de Paley é essencial para ortopedistas que lidam com deformidades congênitas, displasias, sequelas de fraturas e outras alterações que envolvem desalinhamento dos membros.
Com o auxílio de radiografias bem posicionadas e medições precisas dos ângulos e eixos ósseos ou de tomografia computadorizada, essas leis permitem a construção de um plano cirúrgico detalhado, com maiores chances de sucesso e melhor recuperação funcional do paciente.
Referências bibliográficas:
PALEY, D. Principles of Deformity Correction. Springer-Verlag, 2002.DUARTE, M. A. et al. Ortopedia Veterinária – Radiografia e Cirurgia dos Ossos Longos. Roca, 2019.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.