Cachorro operou, mas não quer comer: o que fazer?
- Felipe Garofallo
- há 4 dias
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Atualizado: há 2 horas
Após uma cirurgia, é relativamente comum que os cães apresentem uma diminuição no apetite ou até mesmo recusem completamente a alimentação. Esse comportamento pode ser preocupante para os tutores, especialmente quando o animal precisa se recuperar adequadamente e manter suas forças.

Existem diversas razões para essa inapetência no período pós-operatório, e compreender suas causas pode ajudar a encontrar as melhores estratégias para estimular a alimentação.
Um dos principais motivos para a falta de apetite após uma cirurgia é o efeito residual da anestesia. Mesmo após o término do procedimento, os anestésicos podem permanecer no organismo por algumas horas ou até dias, causando náuseas, sonolência e desconforto abdominal.
Além disso, alguns medicamentos utilizados no pós-operatório, como analgésicos opioides e antibióticos, também podem provocar enjoos ou alterações no paladar, o que interfere diretamente na vontade de comer.
A dor é outro fator significativo. Mesmo quando o animal está recebendo medicações para controle da dor, ele pode sentir desconforto ao se mover ou ao deglutir, especialmente se a cirurgia envolveu a região oral, abdominal ou músculos locomotores. Se o cão associar o ato de comer a dor ou esforço, é natural que ele evite a alimentação. Nesses casos, revisar o protocolo analgésico com o médico-veterinário pode ser crucial.
O estresse também desempenha um papel importante. A internação, o ambiente hospitalar, a manipulação constante e a mudança na rotina podem gerar ansiedade no animal.
Muitos cães perdem o apetite quando estão fora do seu ambiente habitual ou se sentem inseguros. Por isso, o retorno ao lar, com um ambiente tranquilo, sem barulhos ou agitações, pode ajudar a restabelecer o apetite. Manter objetos familiares por perto, como brinquedos ou a cama do cão, também pode trazer conforto emocional.
Se o cão estiver liberado para voltar a se alimentar normalmente, algumas estratégias podem ser adotadas para estimular a ingestão de alimentos. Oferecer uma ração úmida de boa qualidade ou aquecer levemente a comida para realçar o aroma pode ser eficaz.
Em alguns casos, papinhas naturais ou alimentos de fácil digestão, como frango cozido e arroz, podem ser recomendados pelo veterinário por serem mais palatáveis e leves para o sistema digestivo.
No entanto, é fundamental que qualquer tentativa de mudança na alimentação seja supervisionada por um profissional. Forçar a alimentação ou oferecer alimentos inadequados pode piorar o quadro.
Em situações em que o cão permanece mais de 24 a 48 horas sem se alimentar, é indispensável retornar ao veterinário para avaliar se há complicações, como infecções, obstruções, dor mal controlada ou efeitos colaterais medicamentosos.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de estimulantes de apetite, suporte nutricional via seringa, ou até mesmo alimentação por sonda, dependendo da gravidade da condição.
O importante é não negligenciar a falta de apetite no pós-operatório, pois a nutrição é uma parte fundamental da recuperação. O cão precisa de energia e nutrientes para cicatrizar tecidos, manter a imunidade e evitar complicações. Por isso, o acompanhamento próximo com a equipe veterinária é essencial para garantir uma recuperação segura e tranquila.
Referências bibliográficas:
Ettinger, S. J., & Feldman, E. C. (2017). Textbook of Veterinary Internal Medicine (8th ed.). Elsevier.
Mathews, K. A., & Sinclair, M. D. (2014). Pain management for the small animal practitioner. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 44(6), 1211–1226.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.
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