Anemia regenerativa em cães: o que é, causas e como identificar
- Felipe Garofallo
- há 3 dias
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A anemia regenerativa em cães é uma condição em que o organismo reconhece a perda de glóbulos vermelhos e tenta compensá-la, estimulando a medula óssea a produzir novas células sanguíneas rapidamente.

Esse tipo de anemia é considerado um reflexo de que o sistema hematopoiético do animal está funcional e reagindo de maneira adequada à demanda aumentada por hemácias, diferentemente da anemia não regenerativa, em que há uma falha na produção.
Entre as causas mais frequentes da anemia regenerativa estão as hemorragias agudas ou crônicas, como aquelas decorrentes de traumas, úlceras gastrointestinais, parasitas como ancilostomídeos e hemorragias internas. Outra causa comum é a hemólise, que é a destruição prematura das hemácias.
A hemólise pode ser causada por doenças imunomediadas, como a anemia hemolítica autoimune, infecções por hemoparasitas (como Babesia spp. e Ehrlichia spp.), reações a fármacos, intoxicações ou até mesmo doenças hereditárias.
Os sinais clínicos da anemia regenerativa variam de acordo com a gravidade e a velocidade com que ocorre a perda ou destruição das hemácias.
Em casos agudos, o cão pode apresentar palidez de mucosas, letargia, taquicardia, dispneia e fraqueza. Já em quadros crônicos, o organismo pode se adaptar parcialmente à redução de oxigenação, tornando os sintomas menos evidentes e mais progressivos.
O diagnóstico envolve exames laboratoriais que avaliam o hematócrito, contagem de reticulócitos (indicador de regeneração), esfregaço sanguíneo, testes de função hepática e renal, pesquisa de hemoparasitas e, em alguns casos, testes imunológicos.
O aumento do número de reticulócitos é uma evidência de que a medula óssea está respondendo, o que confirma a natureza regenerativa da anemia.
O tratamento depende da causa de base. Em casos de hemorragia, o controle da fonte do sangramento e, em situações mais graves, transfusões sanguíneas podem ser necessárias. Quando a anemia é causada por destruição imunomediada, o uso de imunossupressores, como corticosteroides, é indicado.
Nos casos infecciosos, antibióticos específicos e suporte terapêutico são fundamentais. Em todos os casos, o acompanhamento veterinário próximo é essencial para ajustar a terapia conforme a resposta clínica e laboratorial do paciente.
É importante ressaltar que a presença de uma anemia regenerativa não deve ser vista como algo benigno por si só.
Embora indique que o organismo está reagindo, ela sempre aponta para uma perda significativa de sangue ou destruição celular que precisa ser investigada e corrigida. O tratamento precoce e a identificação correta da causa são determinantes para o prognóstico.
Referências bibliográficas:
THRALL, M. A.; WEISER, G.; ALLISON, R. W.; CAMPBELL, T. W. Veterinary Hematology and Clinical
Chemistry. 2. ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2012.FELDMAN, B. F.; ZINKL, J. G.; JAIN, N. C. Schalm’s Veterinary Hematology. 5. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.