Alendronato de sódio em cães
- Felipe Garofallo

- 9 de jul.
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Atualizado: 27 de set.
O Alendronato de Sódio é um fármaco da classe dos bisfosfonatos, amplamente utilizado na medicina humana no tratamento da osteoporose e de outras doenças ósseas metabólicas que envolvem aumento da reabsorção óssea.

Na medicina veterinária, embora ainda não exista formulação registrada especificamente para uso em cães, o alendronato tem sido utilizado off-label como coadjuvante em casos selecionados, principalmente em pacientes com doenças osteolíticas, osteossarcomas e metástases ósseas, com o objetivo de controle da dor e estabilização do tecido ósseo.
O mecanismo de ação baseia-se na alta afinidade do alendronato pelos cristais de hidroxiapatita presentes no tecido ósseo, onde se incorpora e inibe a atividade dos osteoclastos — células responsáveis pela reabsorção óssea. Essa inibição reduz a destruição do osso e contribui para preservação estrutural, o que pode resultar em redução da dor associada a tumores ósseos ou alterações osteolíticas secundárias a neoplasias ou inflamações crônicas.
Em cães, o alendronato tem sido estudado principalmente no contexto do manejo da dor associada ao osteossarcoma apendicular, sendo administrado por via oral, geralmente em dose semanal, manipulada de acordo com o peso do animal. Em uso paliativo, pode ser uma ferramenta complementar ao tratamento analgésico multimodal, especialmente quando há perda de resposta a opioides, anti-inflamatórios não esteroidais e adjuvantes como gabapentina ou amantadina.
No entanto, seu uso exige precauções. Entre os efeitos adversos relatados estão irritações gastroesofágicas, vômito e, em casos raros, esofagite erosiva. Por isso, recomenda-se administrar o medicamento em jejum, com água, e evitar oferecer alimentos por pelo menos 30 minutos após a dose, além de manter o paciente em posição ereta durante esse período. Também deve ser evitado em animais com histórico de gastrite crônica, megaesôfago ou refluxo.
Outro ponto de atenção é a excreção renal do alendronato, o que requer cautela em pacientes com função renal comprometida. Por outro lado, em cães com prognóstico reservado, em cuidados paliativos, o uso pode ser justificado visando melhora do conforto e preservação da qualidade de vida — com relatos clínicos de melhora funcional e alívio da dor após algumas semanas de uso.
Apesar da escassez de estudos clínicos randomizados em cães, os dados existentes sugerem que o alendronato pode ser uma opção segura e eficaz dentro de protocolos bem estabelecidos, desde que o veterinário responsável avalie risco-benefício individualmente.
O acompanhamento próximo é essencial, tanto para controle de sintomas quanto para ajustes terapêuticos, especialmente em pacientes oncológicos ou geriátricos.
Referências bibliográficas:
Fan, T. M., de Lorimier, L. P., Charney, S. C., Garrett, L. D., Griffon, D. J., Wypij, J. M., & de Gortari, A. E. (2007). Use of alendronate for palliation of osteolytic bone lesions in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, 21(3), 535–538.
Allen, M. J. (2003). Bisphosphonates: mechanisms of action and role in diseases of bone. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 33(1), 19–35.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.