Zinco em cães
- Felipe Garofallo

- 16 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
O zinco é um micromineral essencial para cães, presente em praticamente todos os tecidos do organismo e envolvido em mais de 200 reações enzimáticas que regulam processos vitais.

Ele desempenha papel central no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios, na síntese de DNA e RNA, na replicação celular e na função adequada do sistema imunológico. Também é fundamental para a integridade da pele, cicatrização de feridas, saúde da pelagem, função reprodutiva e manutenção da visão.
Nos cães, o zinco é obtido principalmente por meio da dieta, estando presente em carnes, vísceras, ovos, frutos do mar (como ostras), cereais integrais e sementes. As formas orgânicas, como zinco quelado a aminoácidos ou zinco metionina, apresentam maior biodisponibilidade que as formas inorgânicas, como óxido ou sulfato de zinco.
Entretanto, a absorção do zinco pode ser prejudicada por dietas ricas em fitatos (presentes em grãos integrais e leguminosas não processadas) e por altos níveis de cálcio ou ferro na alimentação.
A deficiência de zinco em cães pode ocorrer por ingestão insuficiente, má absorção intestinal, aumento das perdas ou demanda elevada.
Algumas raças, como Husky Siberiano e Malamute do Alasca, apresentam uma condição genética conhecida como dermatose responsiva ao zinco, caracterizada por lesões crostosas e descamativas na pele, principalmente ao redor dos olhos, boca e nas extremidades, além de alterações de pelo e retardo na cicatrização.
Outra forma de deficiência pode ocorrer em cães alimentados com dietas caseiras mal formuladas ou rações de baixa qualidade. Os sinais clínicos incluem pele seca e espessa, alopecia, infecções cutâneas recorrentes, ceratite, atraso no crescimento e imunossupressão.
O excesso de zinco é menos comum, mas pode ocorrer por suplementação exagerada ou ingestão acidental de objetos galvanizados (como parafusos e moedas antigas contendo zinco), levando a sinais de toxicidade como vômitos, diarreia, anemia hemolítica e, em casos graves, falência renal.
Na prática clínica, a suplementação de zinco pode ser indicada no tratamento de dermatoses responsivas ao zinco, em distúrbios de pele relacionados à deficiência nutricional, como suporte imunológico e para auxiliar na cicatrização. É fundamental ajustar a dose e escolher a forma de zinco com boa biodisponibilidade, evitando o risco de toxicidade e levando em consideração a dieta total do animal.
Assim, o zinco é um nutriente-chave para a saúde geral dos cães, sendo indispensável para o bom funcionamento de processos metabólicos, imunológicos e estruturais, e deve ser fornecido em quantidades adequadas por meio de dietas equilibradas ou suplementação controlada.
Referências bibliográficas
National Research Council (NRC). Nutrient Requirements of Dogs and Cats. Washington, DC: The National Academies Press; 2006.
Todd JE, et al. Zinc-responsive dermatosis in dogs. Vet Dermatol. 2006;17(5):305-312.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.