Vitamina D em cães
- Felipe Garofallo

- 17 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
A vitamina D é um micronutriente lipossolúvel essencial para cães, desempenhando papel fundamental no metabolismo do cálcio e do fósforo, na mineralização óssea e na manutenção da saúde musculoesquelética.

Diferentemente dos seres humanos, os cães não produzem quantidades significativas de vitamina D na pele por exposição solar, devido à baixa atividade da enzima 7-desidrocolesterol redutase.
Assim, a principal fonte desse nutriente para eles é a dieta, seja por meio de alimentos naturais (como fígado e peixes gordurosos) ou, mais comumente, por rações comerciais balanceadas que já contêm a quantidade necessária.
Após a ingestão, a vitamina D (nas formas D₂ — ergocalciferol, ou D₃ — colecalciferol) é absorvida no intestino delgado com auxílio dos sais biliares e transportada ligada a proteínas até o fígado, onde é convertida em 25-hidroxivitamina D (calcidiol).
Em seguida, nos rins, ocorre a conversão para a forma ativa 1,25-diidroxivitamina D (calcitriol), responsável por aumentar a absorção intestinal de cálcio e fósforo, modular o remodelamento ósseo e influenciar funções imunológicas e neuromusculares.
A deficiência de vitamina D em cães, embora rara em animais que recebem alimentação balanceada, pode ocorrer em casos de dietas caseiras mal formuladas, doenças hepáticas ou renais crônicas (que prejudicam a conversão para a forma ativa), e distúrbios de absorção intestinal.
Os sinais clínicos incluem fraqueza muscular, dor óssea, fraturas patológicas, atraso no crescimento em filhotes (raquitismo) e osteomalácia em adultos. Níveis baixos também têm sido associados a maior predisposição a certas doenças inflamatórias, cardiovasculares e até neoplasias, embora as relações causais ainda estejam em estudo.
Por outro lado, o excesso de vitamina D é potencialmente tóxico e pode levar à hipercalcemia e hipercalciúria, resultando em lesões renais, calcificação de tecidos moles, arritmias e, em casos graves, morte. A intoxicação geralmente decorre da ingestão acidental de suplementos humanos, erros de formulação de dietas caseiras ou ingestão de rodenticidas à base de colecalciferol.
Na prática clínica, a suplementação de vitamina D em cães só deve ser feita após avaliação laboratorial dos níveis séricos e diagnóstico de deficiência ou aumento da demanda, pois tanto a falta quanto o excesso representam riscos à saúde.
Quando indicada, a dose é ajustada conforme o peso, a condição clínica e a resposta ao tratamento, com monitoramento regular para evitar toxicidade.
Referências bibliográficas
Weidner N, Verbrugghe A. Current knowledge of vitamin D in dogs. Crit Rev Food Sci Nutr. 2017;57(18):3850-3860.
Titmarsh HF, et al. Concentrations of 25-hydroxyvitamin D in dogs with and without cancer. J Vet Intern Med. 2015;29(6):1673-1678.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.