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Tumor em nervo periférico em cães

Atualizado: 12 de set.

Tumores em nervos periféricos em cães são neoplasias relativamente raras, mas que podem causar comprometimento neurológico significativo dependendo de sua localização, tamanho e taxa de crescimento.


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Esses tumores se originam das células que compõem os nervos periféricos, como as células de Schwann (responsáveis pela mielinização das fibras nervosas) ou do tecido conjuntivo ao redor do nervo.


Quando afetam diretamente a estrutura do nervo, esses tumores podem interferir na condução dos impulsos nervosos, levando a dor, fraqueza muscular e até paralisia do membro afetado.


A forma mais comum de tumor em nervo periférico em cães é o chamado schwannoma (ou neurilemoma), geralmente benigno, mas com potencial de crescimento expansivo e compressivo. Também podem ocorrer neurofibromas e, em casos mais agressivos, neurofibrossarcomas ou tumores da bainha do nervo periférico com comportamento maligno.


Esses tumores podem surgir em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentemente encontrados nos membros, na região cervical ou lombossacra, e ao longo do plexo braquial ou do nervo ciático.


Os sinais clínicos variam de acordo com a localização do tumor e o grau de compressão do nervo. Em fases iniciais, o tutor pode perceber apenas uma claudicação leve, que piora com o tempo.


Com a progressão do tumor, é comum haver atrofia muscular, fraqueza do membro, perda de propriocepção e dor intensa, muitas vezes mal localizada. A dor neuropática, provocada pela irritação das fibras sensitivas, pode ser manifesta por vocalização, lambedura excessiva, mudança de comportamento ou postura anormal. Alguns cães desenvolvem paralisia parcial do membro, arrastando a pata ou evitando apoiar completamente.


O diagnóstico de um tumor de nervo periférico é desafiador, especialmente porque os sinais podem ser confundidos com lesões ortopédicas ou problemas de coluna, como hérnias discais ou mielopatias degenerativas.


O exame neurológico é essencial para identificar o trajeto do nervo afetado e os reflexos comprometidos. A eletroneuromiografia pode ser útil para avaliar a condução nervosa e a integridade muscular, ajudando a localizar o ponto de origem da lesão.


No entanto, o exame mais sensível para identificar e caracterizar o tumor é a ressonância magnética, que permite visualizar a estrutura nervosa e diferenciar lesões compressivas, inflamatórias ou neoplásicas. Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia cirúrgica para confirmação histopatológica.


O tratamento depende do tipo e da localização do tumor. Quando o tumor é acessível e apresenta crescimento lento, a cirurgia de excisão completa pode ser curativa, especialmente nos casos de schwannomas ou neurofibromas encapsulados.


No entanto, quando o tumor envolve estruturas profundas ou é de difícil acesso, a ressecção completa pode ser inviável, e o tratamento passa a ser paliativo. Tumores malignos de nervo periférico geralmente apresentam um comportamento invasivo, com possibilidade de metástase, especialmente para pulmões, e o prognóstico nesses casos é reservado.


A radioterapia pode ser considerada como terapia adjuvante, principalmente quando a remoção cirúrgica não é completa ou nos casos de recidiva local.


O controle da dor neuropática é fundamental para a qualidade de vida do cão. Analgésicos convencionais nem sempre são eficazes nesse tipo de dor, e o uso de medicamentos como gabapentina, pregabalina ou amitriptilina pode ser necessário. A fisioterapia também pode ser indicada para preservar a função muscular e melhorar a circulação local.


O prognóstico varia amplamente. Tumores benignos, diagnosticados precocemente e removidos com margens cirúrgicas adequadas, tendem a apresentar excelente evolução. Já os tumores agressivos ou inoperáveis podem levar à progressão dos déficits neurológicos, dor crônica e redução significativa na qualidade de vida.


O acompanhamento contínuo com o médico veterinário neurologista é essencial para ajustar o plano terapêutico e oferecer suporte ao tutor nas decisões clínicas.


Em resumo, tumores em nervos periféricos são desafiadores tanto no diagnóstico quanto no tratamento, exigindo uma abordagem neurológica cuidadosa e, muitas vezes, o uso de exames avançados.


Quando identificados a tempo e tratados adequadamente, é possível controlar os sintomas e oferecer uma boa qualidade de vida ao paciente, mesmo que nem sempre se alcance a cura completa.


Referências bibliográficas:


Lorenz, M. D., Coates, J. R., & Kent, M. (2011). Handbook of Veterinary Neurology (5th ed.). Elsevier


Health Sciences.Platt, S. R., & Olby, N. J. (2014). BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology (4th ed.). British Small Animal Veterinary Association.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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