Tumor de plexo braquial em cães
- Felipe Garofallo

- 20 de out.
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O tumor de plexo braquial em cães é uma neoplasia rara e de comportamento geralmente agressivo, que afeta o conjunto de nervos responsáveis pela inervação do membro torácico.

Esses tumores se originam a partir das bainhas nervosas (neurofibromas, schwannomas ou malignos periféricos de bainha nervosa) e, por sua localização profunda e íntima relação com estruturas vasculares e ósseas, costumam ser diagnosticados tardiamente.
O sinal clínico mais característico é a claudicação progressiva, que evolui para monoparesia ou monoplagia do membro afetado. Inicialmente, o tutor pode perceber apenas dor discreta no ombro, relutância em apoiar a pata ou perda de força durante a marcha.
Com a progressão da compressão neural, surgem atrofia muscular severa, perda de reflexos e ausência de sensibilidade distal, indicativos de degeneração axonal avançada. Em alguns casos, há dor neuropática intensa, levando o cão a lamber ou morder o membro constantemente.
O diagnóstico é desafiador e exige uma combinação de métodos de imagem e avaliação neurológica detalhada.
A ressonância magnética (RM) é o exame de escolha, pois permite visualizar a massa tumoral, seu grau de invasão e as alterações associadas, como compressão medular ou infiltração de tecidos adjacentes.
A tomografia computadorizada (TC) pode auxiliar na avaliação óssea e no planejamento cirúrgico. A eletroneuromiografia é útil para confirmar a origem neurológica da claudicação e descartar doenças musculoesqueléticas.
A biópsia incisional guiada por imagem é necessária para definir o tipo histológico e o grau de malignidade.
O tratamento depende do estágio da doença. Quando o tumor está localizado e não há invasão medular, pode-se considerar a amputação do membro como forma de controle definitivo, especialmente em casos de dor intratável.
Contudo, muitos tumores de plexo braquial se estendem proximalmente em direção à medula espinhal, tornando a ressecção completa inviável.
Nessas situações, a abordagem é paliativa, incluindo analgesia multimodal, gabapentinoides, anti-inflamatórios não esteroidais e, em alguns casos, radioterapia. A eutanásia pode ser indicada quando a dor não é mais controlável.
O prognóstico geralmente é reservado a desfavorável, variando conforme o tipo histológico e a extensão da lesão.
Tumores benignos encapsulados podem ser removidos com bom controle, mas os malignos tendem a recidivar ou metastatizar, principalmente para pulmões e linfonodos regionais.
Em resumo, o tumor de plexo braquial em cães é uma neoplasia de difícil diagnóstico e manejo complexo.
O reconhecimento precoce da dor neuropática e da atrofia muscular, aliado ao uso de ressonância magnética, é fundamental para um diagnóstico preciso e definição da melhor conduta terapêutica.
Referências bibliográficas:
1. Dewey, C. W., & da Costa, R. C. (2016). *Practical Guide to Canine and Feline Neurology* (3rd ed.). Wiley-Blackwell.
2. Vanhaesebrouck, A. E., De Risio, L., Dennis, R., & Platt, S. R. (2009). Clinical and magnetic resonance imaging findings in 18 dogs with peripheral nerve sheath tumors of the brachial plexus. *Veterinary Surgery*, 38(6), 839–846.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.