Tudo sobre Anaplasmose canina
- Felipe Garofallo

- 20 de set.
- 2 min de leitura
A anaplasmose canina é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Anaplasma, transmitidas pela picada de carrapatos, principalmente o carrapato marrom (Rhipicephalus sanguineus), que também é vetor de outras enfermidades, como a erliquiose.

As duas espécies mais relevantes em cães são o Anaplasma platys, responsável pela trombocitopenia cíclica canina, e o Anaplasma phagocytophilum, associado à anaplasmose granulocítica, mais comum em regiões temperadas da Europa e América do Norte.
O Anaplasma platys é a espécie mais frequentemente diagnosticada no Brasil. Ele infecta as plaquetas e provoca uma queda cíclica no número delas, resultando em episódios recorrentes de trombocitopenia. Clinicamente, os cães podem apresentar petéquias, equimoses, epistaxe e sangramentos espontâneos, embora alguns permaneçam assintomáticos.
Já o Anaplasma phagocytophilum invade neutrófilos e pode causar febre, apatia, anorexia, linfadenomegalia e claudicação por poliartrite, em um quadro bastante semelhante ao da erliquiose.
O diagnóstico da anaplasmose exige atenção, pois os sinais clínicos são inespecíficos e muitas vezes confundidos com outras doenças transmitidas por carrapatos. O hemograma geralmente mostra trombocitopenia, e em alguns casos é possível visualizar as mórulas bacterianas no citoplasma das plaquetas (A. platys) ou dos neutrófilos (A. phagocytophilum).
No entanto, essa observação microscópica nem sempre é possível. Testes sorológicos rápidos (como ELISA) detectam anticorpos contra Anaplasma spp., mas podem apresentar reação cruzada com Ehrlichia spp..
Por isso, o exame de PCR é considerado o padrão mais sensível e específico para confirmar a infecção e identificar a espécie envolvida.
O tratamento de escolha é a doxiciclina (10 mg/kg, uma vez ao dia, por no mínimo 28 dias), que costuma ser eficaz na maioria dos casos. Em situações graves, especialmente quando há anemia acentuada ou sangramentos importantes, pode ser necessário suporte adicional com fluidoterapia e até transfusões sanguíneas.
O prognóstico geralmente é favorável quando o diagnóstico é feito precocemente, mas casos crônicos ou coinfecções com outros patógenos transmitidos por carrapatos podem complicar o quadro clínico.
A prevenção da anaplasmose canina depende do controle efetivo do carrapato, já que não existem vacinas disponíveis. O uso regular de ectoparasiticidas (coleiras, pipetas, sprays ou comprimidos orais de ação prolongada), aliado à dedetização ambiental, é essencial para reduzir a incidência da doença.
Portanto, a anaplasmose canina é uma enfermidade transmitida por carrapatos que pode variar desde formas assintomáticas até quadros graves de sangramento e poliartrite.
O diagnóstico precoce, associado a tratamento adequado e medidas preventivas de controle do vetor, é fundamental para preservar a saúde e a qualidade de vida dos cães.
Referências bibliográficas
Gaunt, S. D., Beall, M. J., Stillman, B. A., Lorentzen, L., & Chandrashekar, R. (2010). Experimental infection and co-infection of dogs with Anaplasma platys and Ehrlichia canis: hematologic, serologic and molecular findings. Parasitology Research, 107(6), 1499–1508.
Beall, M. J., Chandrashekar, R., Eberts, M. D., et al. (2008). Serological and molecular prevalence of Anaplasma phagocytophilum and Borrelia burgdorferi in dogs in the United States, 2003–2007. Vector-Borne and Zoonotic Diseases, 8(5), 635–641.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.