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Tratamento para displasia coxofemoral com plasma rico em plaquetas

A displasia coxofemoral é uma condição ortopédica comum em cães, especialmente em raças de grande porte, que resulta em uma formação anormal da articulação do quadril.


Esta condição pode levar a dor, claudicação e, em casos graves, a artrite degenerativa. O tratamento para a displasia coxofemoral pode variar de abordagens conservadoras a intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade da condição. Uma das abordagens inovadoras e promissoras para o tratamento da displasia coxofemoral é o uso de plasma rico em plaquetas (PRP).


O plasma rico em plaquetas é uma preparação autóloga, ou seja, é obtida a partir do próprio sangue do cão. O PRP contém uma alta concentração de plaquetas, que são células sanguíneas responsáveis pela coagulação e pela liberação de fatores de crescimento que promovem a reparação e a regeneração dos tecidos. A aplicação de PRP em áreas afetadas por lesões ou degeneração, como a articulação do quadril em cães com displasia coxofemoral, visa acelerar o processo de cicatrização e reduzir a inflamação.


O tratamento com PRP começa com uma consulta detalhada com o veterinário para avaliar a gravidade da displasia coxofemoral e determinar se o PRP é uma opção viável. Exames de imagem, como radiografias, são frequentemente utilizados para avaliar a articulação do quadril e planejar o tratamento. Se o PRP for considerado apropriado, o procedimento começa com a coleta de uma pequena amostra de sangue do cão.


O sangue coletado é então processado em uma centrífuga para separar os diferentes componentes sanguíneos. Esse processo concentra as plaquetas em uma pequena quantidade de plasma, resultando no PRP. O PRP preparado é então injetado diretamente na articulação do quadril do cão. Esta injeção é geralmente feita sob sedação leve para garantir que o cão esteja confortável e imóvel, permitindo uma aplicação precisa do PRP.


Uma vez injetado na articulação, o PRP começa a liberar fatores de crescimento que promovem a reparação dos tecidos e a redução da inflamação. Esses fatores de crescimento estimulam a produção de colágeno e outras proteínas essenciais para a saúde da cartilagem e dos tecidos articulares. Além disso, o PRP pode ajudar a melhorar a qualidade do líquido sinovial, aumentando sua viscosidade e elasticidade, o que melhora a lubrificação e a absorção de choques na articulação.


Os efeitos do tratamento com PRP podem ser notados em algumas semanas, com muitos cães apresentando uma melhoria significativa na mobilidade e uma redução da dor. No entanto, a duração dos benefícios pode variar. Em alguns casos, uma única injeção pode proporcionar alívio por vários meses, enquanto em outros, pode ser necessário repetir as injeções periodicamente para manter os efeitos terapêuticos. A resposta ao tratamento pode depender da gravidade da displasia coxofemoral e do estado geral de saúde do cão.


Além do alívio da dor e da melhoria da mobilidade, o tratamento com PRP pode ter outros benefícios a longo prazo. Ao promover a regeneração dos tecidos e reduzir a inflamação, o PRP pode retardar a progressão da degeneração articular, ajudando a preservar a função da articulação do quadril por mais tempo, o que é especialmente importante em cães jovens com displasia coxofemoral, pois pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de intervenções cirúrgicas mais invasivas no futuro.


O tratamento com PRP é geralmente bem tolerado pelos cães, com poucos efeitos colaterais. No entanto, como em qualquer procedimento médico, existe o risco de reações adversas, como dor temporária ou inchaço no local da injeção. É crucial que os donos de animais sigam as instruções do veterinário após o procedimento, garantindo que o cão tenha um período adequado de repouso e evitando atividades extenuantes que possam sobrecarregar a articulação tratada.


Embora o PRP não cure a displasia coxofemoral, ele pode ser uma parte valiosa de um plano de manejo abrangente da condição. Esse plano pode incluir outras abordagens terapêuticas, como controle do peso, fisioterapia, suplementos nutricionais e, em alguns casos, medicamentos anti-inflamatórios. A combinação dessas estratégias pode maximizar os benefícios do tratamento e proporcionar uma melhor qualidade de vida para os cães com displasia coxofemoral.


Em resumo, o tratamento da displasia coxofemoral com plasma rico em plaquetas é uma opção promissora que pode proporcionar alívio significativo da dor e melhorar a função articular em cães. Através de injeções diretas na articulação do quadril, o PRP libera fatores de crescimento que promovem a reparação dos tecidos e reduzem a inflamação.


Embora não seja uma cura, esse tratamento pode ser uma parte importante de um plano de manejo abrangente, ajudando a retardar a progressão da doença e a melhorar a qualidade de vida dos cães afetados.


Referências bibliográficas


Alves, João & Santos, Ana & Jorge, Patrícia. (2021). Platelet-rich plasma therapy in dogs with bilateral hip osteoarthritis. BMC Veterinary Research. 17. 10.1186/s12917-021-02913-x.


Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial ou consultoria on-line por vídeo pelo whatsapp (11)91258-5102.

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