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Mito ou verdade: o uso de suplemento de cálcio evita fraturas?

Atualizado: 12 de set.

A ideia de que o uso de suplemento de cálcio evita fraturas é amplamente divulgada e, por isso, muitas pessoas recorrem a esses produtos com a expectativa de fortalecer ossos e prevenir quedas ou traumas mais sérios.


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No entanto, essa crença nem sempre se sustenta quando analisamos as evidências científicas disponíveis. O tema é mais complexo do que parece e envolve uma série de fatores que vão além da simples ingestão de cálcio.


O cálcio é, de fato, um mineral essencial para a formação e manutenção dos ossos. Ele compõe a matriz mineral do tecido ósseo e participa ativamente do processo de remodelação óssea que ocorre continuamente ao longo da vida. Durante a infância, adolescência e início da vida adulta, o cálcio é fundamental para alcançar um pico de massa óssea adequado — um fator que influencia diretamente a saúde esquelética na terceira idade.


Contudo, a suplementação de cálcio em indivíduos adultos, especialmente na ausência de deficiência comprovada, não é uma garantia de prevenção de fraturas. Diversos estudos já demonstraram que a suplementação isolada de cálcio, principalmente em pessoas com ingestão dietética adequada, tem impacto limitado na densidade mineral óssea e na redução do risco de fraturas.


Além disso, o excesso de cálcio pode trazer efeitos adversos, como constipação, cálculo renal e, em alguns casos, risco cardiovascular aumentado.

A prevenção de fraturas depende de um conjunto de estratégias integradas. Além do cálcio, a vitamina D tem papel fundamental na absorção intestinal do mineral e na regulação do metabolismo ósseo.


A exposição solar moderada, a prática regular de exercícios físicos com impacto (como caminhada, corrida leve e musculação), o controle de doenças crônicas, o abandono do tabagismo e a redução do consumo de álcool são medidas comprovadamente eficazes na manutenção da saúde óssea. É importante também considerar que a suplementação só deve ser indicada após avaliação médica ou nutricional.


Pacientes com osteopenia, osteoporose ou outras condições clínicas podem se beneficiar do uso de cálcio, especialmente quando associado a outros nutrientes e a terapias específicas. Em idosos institucionalizados ou em pessoas com ingestão dietética muito baixa, o suplemento pode ser necessário, mas deve ser administrado com cautela. Portanto, a afirmação de que o uso de suplemento de cálcio evita fraturas, por si só, é um mito.


A saúde óssea depende de uma abordagem multifatorial, e a suplementação deve ser personalizada, com base em exames e avaliação do estilo de vida. A ingestão equilibrada de cálcio na alimentação, combinada com outros cuidados, é uma forma mais segura e eficaz de proteger os ossos a longo prazo.

Referências bibliográficas:

  1. Tai, V., Leung, W., Grey, A., Reid, I. R., & Bolland, M. J. (2015). Calcium intake and bone mineral density: systematic review and meta-analysis. BMJ, 351, h4183. https://doi.org/10.1136/bmj.h4183

  2. Bolland, M. J., Leung, W., Tai, V., Bastin, S., Gamble, G. D., Grey, A., & Reid, I. R. (2015). Calcium intake and risk of fracture: systematic review. BMJ, 351, h4580. https://doi.org/10.1136/bmj.h4580


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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