Sorologia em cães: O que é?
- Felipe Garofallo

- 20 de set.
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A sorologia em cães é um conjunto de exames laboratoriais que têm como objetivo identificar a presença de anticorpos ou antígenos no soro sanguíneo do animal, permitindo avaliar a exposição a determinados agentes infecciosos ou a resposta imune a vacinas.

Trata-se de uma ferramenta de diagnóstico indireto, já que não detecta o agente causador da doença em si, mas sim a reação imunológica do organismo frente a ele. Por essa razão, a interpretação dos resultados exige cuidado e deve sempre ser associada ao exame clínico e à história do paciente.
Na prática veterinária, a sorologia é amplamente utilizada para o diagnóstico de doenças infecciosas de grande relevância, como leishmaniose visceral canina, erlichiose, anaplasmose, toxoplasmose, neospora, brucelose e viroses como a cinomose e a parvovirose.
Em muitos desses casos, os testes sorológicos fazem parte de programas de controle epidemiológico, ajudando a monitorar a disseminação de enfermidades em determinadas regiões. Além do diagnóstico de doenças, a sorologia também pode ser utilizada para verificar a resposta vacinal, como acontece com a raiva, em que o teste de anticorpos neutralizantes é exigido em viagens internacionais de cães.
Existem diferentes técnicas sorológicas aplicadas na rotina. Entre as mais comuns estão o ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), a RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta) e a aglutinação. Cada uma possui características próprias, vantagens e limitações.
O ELISA, por exemplo, é prático, rápido e permite análise em larga escala, enquanto a RIFI é considerada um teste de referência para algumas doenças, como a leishmaniose.
A escolha do método depende da doença investigada, da fase clínica e também da disponibilidade laboratorial.
Apesar de sua importância, a sorologia apresenta limitações. Um resultado positivo não significa necessariamente que o animal esteja doente, podendo apenas indicar contato prévio com o agente ou vacinação.
Já um resultado negativo não exclui totalmente a possibilidade de infecção, já que o animal pode estar em fase inicial da doença, ainda sem produção detectável de anticorpos. Além disso, podem ocorrer reações cruzadas, em que anticorpos contra um agente reagem com antígenos de outro semelhante, gerando falsos-positivos.
Na rotina clínica, portanto, a sorologia deve ser interpretada de forma integrada, levando em conta sinais clínicos, exames complementares e histórico do paciente.
Quando bem utilizada, torna-se uma ferramenta de grande valor para o diagnóstico, controle e monitoramento de doenças em cães, contribuindo tanto para a saúde individual do animal quanto para a saúde coletiva.
Referências bibliográficas
Greene, C. E. (2012). Infectious Diseases of the Dog and Cat. 4th ed. Elsevier.
Day, M. J., Horzinek, M. C., & Schultz, R. D. (2012). Veterinary Immunology: Principles and Practice. 2nd ed. CRC Press.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.