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Ruptura do ligamento cruzado cranial: diagnóstico e opções de cirurgia

Atualizado: 13 de set.

A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCC) é uma das condições ortopédicas mais comuns em cães, frequentemente associada à claudicação do membro pélvico. Essa lesão ocorre quando o ligamento cruzado cranial, localizado dentro da articulação do joelho, é rompido parcial ou totalmente, comprometendo a estabilidade do joelho.


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Este ligamento desempenha um papel essencial ao prevenir o deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur, controlar a rotação interna e limitar a hiperextensão da articulação do joelho.


O diagnóstico de RLCC começa com uma anamnese detalhada. Os tutores geralmente relatam claudicação súbita, que pode melhorar temporariamente com repouso, mas tende a piorar com o tempo ou após atividades físicas. A claudicação pode variar em intensidade, dependendo se a ruptura é parcial ou completa. O exame físico é fundamental e inclui a identificação de dor durante a manipulação do joelho, atrofia muscular e a presença de efusão articular.


Dois testes ortopédicos específicos são amplamente utilizados: o teste de gaveta cranial e o teste de compressão tibial. No teste de gaveta, a tíbia é movida cranialmente em relação ao fêmur; um movimento anormal sugere ruptura do ligamento. O teste de compressão tibial avalia o deslocamento cranial da tíbia quando o tarso é flexionado com o joelho estabilizado. Ambos os testes são mais confiáveis sob sedação, especialmente em cães com tensão muscular.


A confirmação do diagnóstico pode incluir exames de imagem, como radiografias, que auxiliam na identificação de alterações secundárias, como osteoartrite e deslocamento cranial da tíbia. A artroscopia ou a artrotomia exploratória podem ser realizadas para inspeção direta do ligamento e avaliação de outras estruturas articulares, como os meniscos, frequentemente lesionados em casos de RLCC.


O tratamento da RLCC quase sempre requer intervenção cirúrgica, especialmente em cães de médio a grande porte, pois o tratamento conservador raramente resulta em recuperação completa. As principais técnicas cirúrgicas são divididas em dois grupos: procedimentos extracapsulares e osteotomias corretivas.


Entre os procedimentos extracapsulares, a técnica de sutura fabelo-tibial (Lateral Fabellar Suture) é amplamente utilizada. Nesta abordagem, uma sutura de material não absorvível é posicionada externamente para imitar a função do ligamento rompido.


Embora seja eficaz em cães pequenos, esta técnica apresenta maior risco de falha em cães maiores ou ativos.


As osteotomias corretivas são consideradas o padrão-ouro para cães de médio a grande porte. A Osteotomia de Nivelamento do Platô Tibial (TPLO) e a Osteotomia de Avanço da Tuberosidade Tibial (TTA) são as técnicas mais populares.


Na TPLO, o platô tibial é nivelado cirurgicamente para eliminar a necessidade do ligamento cruzado cranial, enquanto na TTA, a tuberosidade tibial é avançada para alterar as forças atuantes na articulação. Ambas as técnicas requerem equipamentos especializados e habilidades cirúrgicas avançadas, mas oferecem excelente prognóstico, com retorno à função em mais de 90% dos casos.


Além da cirurgia, o manejo pós-operatório é crucial para o sucesso do tratamento. Ele inclui controle da dor, restrição de atividades e fisioterapia para restaurar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos do membro afetado. O acompanhamento radiográfico é necessário para monitorar a cicatrização óssea em casos de osteotomia.


O prognóstico para cães submetidos à cirurgia é geralmente bom, especialmente quando a intervenção é realizada precocemente e há adesão ao protocolo pós-operatório. No entanto, a osteoartrite progressiva é uma consequência inevitável, exigindo monitoramento contínuo e, muitas vezes, manejo medicamentoso de longo prazo.


Referências

  1. Slocum, B., & Devine, T. P. (1983). Cranial tibial thrust: a primary force in the canine stifle. Journal of the American Veterinary Medical Association, 183(4), 456-459.

  2. Vasseur, P. B. (2003). Clinical results following surgical correction of cranial cruciate ligament rupture in dogs. Veterinary Surgery, 32(1), 95-104.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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