"Rock back" na TPLO: O que é?
- Felipe Garofallo

- 20 de set.
- 3 min de leitura
A expressão “rock back” na cirurgia de TPLO (osteotomia de nivelamento do platô tibial) é utilizada por muitos cirurgiões para descrever uma complicação radiográfica em que o ângulo do platô tibial, previamente corrigido no transoperatório, parece “voltar” ao valor próximo do original após algum tempo de pós-operatório.

Ou seja, o platô retorna parcialmente à inclinação anterior à cirurgia, comprometendo o objetivo biomecânico do procedimento.
Esse fenômeno preocupa porque pode gerar instabilidade residual, claudicação persistente e evolução precoce para osteoartrite, já que a principal finalidade da TPLO é justamente neutralizar a força de cisalhamento cranial causada pela inclinação excessiva do platô.
A causa mais comum do rock back está relacionada à falha de estabilização da osteotomia. Isso pode ocorrer por afrouxamento de parafusos, quebra de implantes, deslizamento da placa ou mesmo por fraturas de segmentos ósseos que deveriam sustentar a nova posição do fragmento proximal da tíbia.
Quando a fixação não é suficientemente rígida, o fragmento proximal pode sofrer micromovimentos durante o apoio do membro, o que favorece o retorno gradual à sua posição original.
Em outros casos, a reabsorção óssea ao redor dos parafusos ou na linha de osteotomia também pode colaborar para essa perda de correção, assim como erros no planejamento ou na execução da rotação, em que o ângulo final não é mantido de forma adequada.
Clinicamente, o rock back pode se manifestar de duas maneiras. Em alguns cães, observa-se claudicação recorrente, dor persistente e dificuldade em recuperar a função normal do membro, mesmo após o período esperado de cicatrização.
Em outros, o achado pode ser apenas radiográfico, sem repercussão clínica significativa imediata, mas ainda assim com risco de acelerar a progressão da doença articular degenerativa.
Por isso, o acompanhamento radiográfico pós-operatório é fundamental para identificar precocemente qualquer alteração no posicionamento do platô tibial e, quando necessário, intervir de forma adequada.
A prevenção do rock back depende de um planejamento preciso e da execução técnica rigorosa da TPLO. É fundamental calcular corretamente a rotação necessária para alcançar o ângulo desejado (em torno de 5° a 7°), utilizar implantes de qualidade e garantir uma fixação estável e rígida da osteotomia, reduzindo a chance de micromovimentos.
Além disso, a restrição controlada de atividade no pós-operatório imediato desempenha papel importante para proteger o sítio cirúrgico até a consolidação óssea.
Em casos em que ocorre o rock back com repercussão clínica significativa, pode ser necessário um segundo procedimento cirúrgico para revisão da osteotomia e reposicionamento do fragmento tibial.
Portanto, o rock back na TPLO, entendido como o retorno parcial do platô tibial ao seu ângulo original, representa uma complicação indesejada que compromete os resultados da cirurgia.
Reconhecer esse fenômeno, entender suas causas e adotar medidas preventivas são passos fundamentais para o sucesso da técnica e para garantir uma recuperação funcional adequada aos cães submetidos a esse procedimento.
Referências bibliográficas
Slocum, B., & Slocum, T. D. (1993). Tibial plateau leveling osteotomy for repair of cranial cruciate ligament rupture in the canine. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 23(4), 777–795.
Kowaleski, M. P., Boudrieau, R. J., & Pozzi, A. (2018). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.