top of page

Relação entre doenças endócrinas e degeneração articular em cães

A relação entre doenças endócrinas e degeneração articular em cães é mais estreita do que se imaginava há alguns anos.


ree

Condições hormonais como o hipotireoidismo, o hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing) e o diabetes mellitus exercem influência direta sobre o metabolismo dos tecidos articulares, musculares e ósseos, favorecendo processos degenerativos e inflamatórios que comprometem a mobilidade e a estabilidade das articulações.


O hipotireoidismo é uma das endocrinopatias mais comuns em cães de meia-idade e tem impacto significativo na estrutura musculoesquelética.


A deficiência de hormônios tireoidianos reduz o metabolismo celular e a síntese proteica, levando à diminuição da força muscular e à lentidão na reparação tecidual.


A fraqueza dos estabilizadores articulares predispõe a microinstabilidades crônicas, que ao longo do tempo provocam desgaste cartilaginoso e osteoartrite secundária.


Além disso, a hipoperfusão tecidual e a retenção de líquidos podem gerar edema e desconforto periarticular.


O hiperadrenocorticismo, caracterizado pelo excesso de cortisol circulante, provoca uma série de alterações catabólicas.


O aumento do catabolismo proteico leva à atrofia muscular, enquanto o desequilíbrio entre síntese e degradação de colágeno enfraquece tendões e ligamentos.


Esses efeitos combinados resultam em instabilidade articular, predispondo a rupturas ligamentares, especialmente no ligamento cruzado cranial.


Além disso, o excesso de cortisol interfere na remodelação óssea, promovendo osteopenia e retardando a consolidação de fraturas ou osteotomias.


No diabetes mellitus, a hiperglicemia persistente causa glicação de proteínas estruturais, alterando a composição do colágeno e tornando as articulações menos flexíveis.


Há também comprometimento microvascular, que reduz o aporte de nutrientes à cartilagem e retarda a cicatrização.


Cães diabéticos apresentam maior incidência de tendinopatias e rigidez articular, especialmente em membros pélvicos.


O processo inflamatório sistêmico crônico que acompanha o diabetes contribui para agravar a degradação articular.


Essas doenças endócrinas, portanto, não apenas favorecem a degeneração articular, mas também prejudicam a resposta terapêutica de pacientes já acometidos por displasias, artroses ou lesões ligamentares.


O tratamento efetivo exige uma abordagem integrada, em que o controle hormonal e metabólico é tão importante quanto a terapia ortopédica local.


Somente com o restabelecimento do equilíbrio endócrino é possível promover a regeneração tecidual e evitar recidivas.


Em resumo, o desequilíbrio hormonal altera o ambiente articular de forma profunda, fragilizando os tecidos de sustentação e acelerando o processo degenerativo.


A investigação de distúrbios endócrinos deve fazer parte da rotina diagnóstica em cães com dor articular inexplicável ou evolução clínica atípica, pois o manejo adequado dessas condições é determinante para o sucesso do tratamento ortopédico.


Referências bibliográficas:


1. Rijnberk, A., & Kooistra, H. S. (2010). Clinical Endocrinology of Dogs and Cats. Springer.


2. Johnston, S. A. (1997). Osteoarthritis: Joint anatomy, physiology, and pathobiology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 27(4), 699–723.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
Whatsapp: (11)97522-5102
Endereço: Alameda dos Guaramomis, 1067, Moema, São Paulo, SP

bottom of page