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Reflexo de retirada em cães: como avaliar

Atualizado: 12 de set.

O reflexo de retirada, também conhecido como reflexo flexor, é um importante componente do exame neurológico em cães e gatos.


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Ele tem como objetivo avaliar a integridade dos neurônios sensoriais periféricos, interneurônios da medula espinhal e neurônios motores inferiores. Sua presença ou ausência fornece informações cruciais sobre a funcionalidade do arco reflexo medular, especialmente nos membros torácicos e pélvicos.


Para avaliar o reflexo de retirada, o paciente deve estar em decúbito lateral, relaxado e com o membro livre para se mover.


O examinador deve aplicar um estímulo nociceptivo moderado, como um leve beliscão interdigital com os dedos ou com uma pinça hemostática na região interdigital da pata.


É fundamental que esse estímulo não cause dor excessiva, apenas uma sensação desagradável suficiente para ativar os receptores nociceptivos.


A resposta esperada é a flexão rápida e coordenada de todas as articulações do membro estimulado, como resultado da ativação dos músculos flexores.


A retirada pode incluir flexão do carpo, cotovelo e ombro no caso dos membros torácicos, e do tarso, joelho e quadril nos membros pélvicos.


É importante destacar que o reflexo de retirada é um reflexo medular, ou seja, sua integridade não depende da consciência ou da percepção cortical da dor.


Isso significa que um animal inconsciente, mas com integridade do arco reflexo, ainda pode apresentar o reflexo. Por outro lado, a presença do reflexo de retirada não implica necessariamente que o animal esteja sentindo dor.


Para avaliar a nocicepção, ou seja, a capacidade consciente de perceber estímulos dolorosos é necessário observar a resposta comportamental à dor, como vocalização, virar a cabeça em direção ao estímulo, rosnar ou tentar morder.


A ausência do reflexo de retirada pode indicar lesão nos nervos periféricos (como o nervo ciático no membro pélvico ou o nervo musculocutâneo e o mediano no membro torácico), na raiz nervosa, ou nos segmentos medulares correspondentes (como L6-S1 no membro pélvico, ou C6-T2 no membro torácico).


Já um reflexo de retirada exagerado ou com clônus pode sugerir uma lesão nos neurônios motores superiores, sobretudo em lesões crônicas.


Durante o exame, é importante comparar o reflexo entre os dois lados do corpo e com outros reflexos espinhais, como o patelar, tibial cranial e tricipital, para obter uma visão mais ampla da função neurológica. Também deve-se levar em consideração fatores como dor, tensão muscular, medo ou sedação, que podem interferir na resposta reflexa.


A avaliação adequada do reflexo de retirada é uma ferramenta indispensável para a localização da lesão neurológica, ajudando a diferenciar lesões periféricas de centrais, e fornecendo dados fundamentais para o prognóstico e o planejamento terapêutico em pacientes com alterações neuromusculares ou doenças medulares.


Referências bibliográficas:


DEWEY, C. W.; DA COSTA, R. C. Practical Guide to Canine and Feline Neurology. 3rd ed. Wiley-Blackwell, 2015.


LORENZ, M. D.; KORNEGAY, J. N.; THOMASON, J. D. Veterinary Neurology. 5th ed. Saunders Elsevier, 2011.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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