Raças predispostas a luxação de patela
- Felipe Garofallo
- 20 de set.
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A luxação de patela é uma alteração ortopédica bastante frequente em cães e está diretamente relacionada a fatores genéticos e raciais.
A patela, conhecida popularmente como rótula, é um pequeno osso localizado na frente do joelho que funciona como uma alavanca para a musculatura do quadríceps, auxiliando na extensão do membro pélvico.
Quando ocorre a luxação, essa estrutura se desloca de sua posição normal no sulco troclear do fêmur, o que provoca dor, dificuldade de locomoção e, em muitos casos, claudicação intermitente ou persistente.
Embora possa acontecer em qualquer cão, existem raças que apresentam maior predisposição devido às características anatômicas herdadas.
Nos cães de raças pequenas e toy, a luxação de patela é particularmente comum. Animais como Poodle, Yorkshire Terrier, Spitz Alemão (Lulu da Pomerânia), Chihuahua, Shih Tzu, Lhasa Apso, Maltês, Pinscher e Boston Terrier apresentam elevada incidência da doença.
Nesses casos, a luxação é quase sempre medial, ou seja, a patela se desloca para a face interna do joelho.
No vídeo abaixo, explico sobre as raças mais acometidas pela luxação patelar.
Esse padrão está associado ao desenvolvimento de deformidades ósseas discretas, como encurtamento do quadríceps ou rotação medial da tíbia, além de frouxidão ligamentar.
Frequentemente, os tutores notam que o cão corre normalmente e, de repente, recolhe uma das patas por alguns passos, voltando em seguida a apoiar o membro, comportamento clássico da luxação de patela intermitente.
Entre as raças grandes e gigantes, embora a luxação de patela seja menos comum do que em cães de pequeno porte, os casos tendem a ser mais severos e frequentemente do tipo lateral, com deslocamento da patela para a parte externa do joelho.
Nessas raças, estão incluídos o Labrador Retriever, Golden Retriever, Pastor Alemão, Rottweiler, Chow Chow e São Bernardo. A causa geralmente envolve deformidades mais marcantes no alinhamento dos ossos longos do membro pélvico, o que gera instabilidade articular significativa.
Por se tratar de animais de maior porte, o impacto funcional costuma ser mais acentuado e a necessidade de correção cirúrgica, mais frequente.
Além da predisposição racial, alguns fatores podem agravar o risco e a gravidade da luxação. A obesidade aumenta a sobrecarga sobre a articulação, tornando os episódios mais dolorosos.
Traumas diretos também podem desencadear luxações em cães sem predisposição aparente. Outro ponto importante é o crescimento ósseo desproporcional, especialmente em filhotes, que pode acentuar deformidades angulares e favorecer a instabilidade da patela.
Por se tratar de uma afecção multifatorial, o diagnóstico precoce feito por meio de exame clínico e radiográfico é essencial para definir a melhor forma de tratamento, que pode variar desde o manejo conservador em casos leves até a cirurgia corretiva nos quadros mais avançados.
O prognóstico da luxação de patela em cães predispostos é geralmente bom quando o tratamento é instituído de forma adequada.
No entanto, a progressão da doença pode levar a desgaste articular e osteoartrite se não houver intervenção no momento certo. Por isso, conhecer as raças mais predispostas e observar os primeiros sinais clínicos são passos fundamentais para garantir qualidade de vida aos animais afetados.
Referências bibliográficas FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 4. ed. Elsevier, 2014.
JOHNSTON, S.A.; TOBIAS, K.M. Veterinary Surgery: Small Animal. 2. ed. Elsevier, 2018.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.