Quando o cachorro realmente precisa de cirurgia ortopédica?
- Felipe Garofallo

- 16 de set.
- 2 min de leitura
A decisão de indicar cirurgia ortopédica em cães deve ser baseada em uma avaliação criteriosa, que considere não apenas o diagnóstico, mas também a gravidade da lesão, o impacto funcional no paciente e a perspectiva de qualidade de vida.

Muitos quadros ortopédicos podem ser inicialmente manejados de forma conservadora, mas há situações em que a cirurgia não só é recomendada como é a única forma de garantir recuperação adequada.
Fraturas instáveis, deslocadas ou cominutivas, por exemplo, dificilmente cicatrizam apenas com imobilização externa, e nesses casos a cirurgia é mandatória para restaurar o alinhamento ósseo, promover consolidação e permitir que o animal volte a apoiar o membro.
Da mesma forma, rupturas completas de ligamentos cruciais, como o cruzado cranial, raramente alcançam estabilidade apenas com fisioterapia e repouso, já que a biomecânica do joelho fica comprometida. Sem intervenção cirúrgica, o cão evolui com dor crônica, instabilidade e osteoartrite progressiva.
Luxações também representam outra indicação frequente: quando o osso não pode ser mantido na posição correta por meio de redução fechada e bandagens, a cirurgia se torna necessária para reconstruir ou estabilizar a articulação.
Situações como luxação de patela grau III ou IV, que já causam deformidades e dificuldade para caminhar, também são classicamente indicadas para correção cirúrgica.
Além das lesões traumáticas, há doenças ortopédicas degenerativas ou do desenvolvimento em que a cirurgia é a melhor opção.
Casos graves de displasia coxofemoral em cães jovens podem se beneficiar de técnicas corretivas (como osteotomias pélvicas), enquanto em cães adultos com dor refratária o tratamento cirúrgico pode significar a diferença entre mobilidade limitada e vida plena.
Outro ponto importante é a falha do tratamento conservador. Quando um paciente permanece com dor, claudicação significativa ou perda de função após semanas ou meses de fisioterapia, controle medicamentoso e restrição de atividade, a cirurgia deve ser considerada para evitar sofrimento prolongado e progressão de lesões secundárias.
Em resumo, um cachorro realmente precisa de cirurgia ortopédica quando há instabilidade estrutural que impede a cicatrização natural (como em fraturas complexas ou rupturas ligamentares), quando a luxação não pode ser controlada por meios não invasivos, quando a dor e a disfunção persistem apesar do tratamento clínico, ou quando doenças ortopédicas de desenvolvimento ou degenerativas atingem estágio avançado.
A avaliação individualizada, com exames de imagem e análise da qualidade de vida do paciente, é essencial para que a decisão seja tomada no momento certo.
Referências bibliográficas
Fossum TW. Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier; 2018.
Tobias KM, Johnston SA. Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd ed. Elsevier; 2017.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.