Quando solicitar tomografia na ortopedia veterinária?
- Felipe Garofallo

- 22 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A tomografia computadorizada (TC) tem se tornado um recurso cada vez mais utilizado na medicina veterinária, especialmente em casos ortopédicos que demandam uma avaliação mais detalhada das estruturas ósseas e articulares.

Diferente das radiografias convencionais, que oferecem imagens bidimensionais, a TC permite a reconstrução em cortes axiais e até em 3D, proporcionando uma visualização muito mais precisa de alterações sutis ou complexas.
Em ortopedia veterinária, a tomografia computadorizada é indicada principalmente quando os exames radiográficos não são suficientes para esclarecer o diagnóstico ou quando há necessidade de planejamento cirúrgico detalhado.
Casos de fraturas complexas, especialmente na pelve, coluna vertebral, articulações ou regiões com sobreposição anatômica intensa, se beneficiam significativamente desse tipo de exame.
Por exemplo, uma fratura acetabular pode ser difícil de interpretar corretamente em um raio-X, mas com a TC é possível visualizar com clareza o grau de deslocamento, a fragmentação e o envolvimento articular, permitindo que o cirurgião trace a melhor abordagem.
Outro cenário comum de indicação é a investigação de claudicações sem causa evidente nos exames convencionais.
Cães com dor persistente ou alterações de marcha que não apresentaram achados significativos nas radiografias podem estar lidando com alterações sutis, como osteocondrite dissecante, fissuras, neoplasias ósseas iniciais ou lesões subcondrais, que só se tornam visíveis com a resolução e profundidade da TC.
Nessas situações, o exame é fundamental tanto para o diagnóstico quanto para o prognóstico e escolha do tratamento.
Além disso, a tomografia computadorizada é especialmente útil na avaliação de discos intervertebrais calcificados ou em suspeitas de hérnias discais toracolombares, sendo uma alternativa eficaz em clínicas que ainda não dispõem de ressonância magnética.
Embora a ressonância seja o exame de escolha para avaliar estruturas neurológicas e tecidos moles, a TC é uma ferramenta poderosa para analisar compressões ósseas, espondiloses e fraturas vertebrais, com excelente definição.
É importante lembrar que, por ser um exame mais caro e que geralmente requer sedação ou anestesia, a tomografia computadorizada deve ser indicada com critério, considerando o custo-benefício para o tutor e o impacto que o resultado trará na conduta terapêutica.
Quando bem utilizada, ela não apenas confirma suspeitas diagnósticas como pode evitar cirurgias desnecessárias ou mal planejadas.
Em resumo, a tomografia computadorizada deve ser considerada em casos ortopédicos nos quais as radiografias são inconclusivas, nos planejamentos cirúrgicos de alta complexidade, nas fraturas de difícil visualização, nas suspeitas de neoplasias ósseas, nas investigações de dor persistente de origem ortopédica sem diagnóstico definido e na avaliação de alterações vertebrais.
Seu uso criterioso traz mais segurança, previsibilidade e qualidade ao atendimento ortopédico veterinário.
Referências bibliográficas:
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Textbook of Veterinary Anatomy. 5th ed. Saunders, 2017.
PFAEFFLE, H.J.; BRUECKER, K.A. Diagnostic Imaging of the Dog and Cat. Manson Publishing, 2010.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.