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Quando remover uma placa ou parafuso em cães?

Atualizado: 12 de set.

A remoção de placas, parafusos ou qualquer outro implante ortopédico em cães é uma decisão clínica que exige uma análise cuidadosa de diversos fatores, incluindo o tipo de fratura, o material utilizado, a evolução do processo de consolidação óssea, a idade do paciente, seu porte e seu nível de atividade.


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Embora muitos implantes possam permanecer no corpo do animal por toda a vida sem causar complicações, existem situações específicas em que sua remoção se torna necessária e até mesmo recomendada.


Um dos motivos mais comuns para a retirada de placas e parafusos é o desconforto local. Alguns cães, especialmente os de porte magro ou com pouca cobertura muscular sobre o implante, podem apresentar dor ou irritação na região operada, principalmente ao deitar sobre superfícies rígidas.


Esse incômodo pode surgir meses após a cirurgia e, nesses casos, a remoção do implante pode trazer alívio dos sintomas, desde que a fratura esteja completamente consolidada.

Outro fator que pode justificar a retirada é a presença de infecção.


Quando há osteomielite ou formação de fístulas crônicas associadas ao material implantado, a retirada dos componentes metálicos pode ser essencial para o controle do processo infeccioso.


Em quadros como esses, mesmo que a fratura ainda esteja em fase de cicatrização, a remoção parcial ou total dos implantes pode ser necessária, combinada com protocolos rigorosos de antibioticoterapia.


Também há situações em que o tutor solicita a remoção por questões preventivas ou estéticas, principalmente quando o implante é superficial e palpável. Embora esse motivo, isoladamente, não justifique a cirurgia, ele pode ser considerado caso o risco anestésico seja baixo e a fratura esteja consolidada.


Em geral, espera-se um período de ao menos 6 a 12 meses após a cirurgia original para qualquer avaliação de remoção eletiva, a fim de garantir a estabilidade óssea definitiva.


Por outro lado, existem casos em que a remoção é contraindicada. Animais idosos, com outras comorbidades ou que apresentam cicatrização óssea comprometida podem não ser bons candidatos a uma nova intervenção cirúrgica. Nesses casos, o implante permanece como suporte definitivo, desde que não cause dor ou complicações.


Além disso, é fundamental lembrar que, mesmo após a consolidação óssea, a retirada do implante envolve riscos.


Há possibilidade de fratura durante o procedimento, sangramento, infecção pós-operatória e até dificuldade técnica para remoção de parafusos muito integrados ao osso. Por isso, a decisão deve ser sempre individualizada e baseada em exames de imagem atualizados, especialmente radiografias que comprovem a completa regeneração óssea.


O acompanhamento clínico regular, com revisões periódicas e diálogo entre o veterinário e o tutor, é essencial para decidir o momento ideal para uma possível remoção. Nenhuma conduta deve ser baseada apenas no tempo decorrido da cirurgia inicial, mas sim em critérios técnicos e clínicos sólidos.

Referências bibliográficas:


PIERCY, R.J.; MCNICHOLAS, T. Fracture Fixation in Small Animal Practice. BSAVA Manual, 2021.


PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L.; DE CAMP, C.E. Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Saunders, 2015.

Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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