Quando é necessário operar o fêmur do seu cachorro?
- Felipe Garofallo

- 7 de ago.
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Atualizado: 12 de set.
Existem situações em que a cirurgia no fêmur de um cachorro se torna não apenas recomendada, mas absolutamente necessária para garantir a recuperação funcional do membro e a qualidade de vida do animal.

O fêmur, por ser o osso mais longo e robusto do corpo canino, está sujeito a diversas condições ortopédicas que vão desde fraturas até doenças articulares ou deformidades congênitas. Reconhecer os sinais clínicos e entender os cenários em que a intervenção cirúrgica é indicada pode fazer toda a diferença no prognóstico.
Entre as causas mais comuns que levam à necessidade de operar o fêmur estão as fraturas, que geralmente ocorrem devido a traumas, como atropelamentos, quedas de grandes alturas ou acidentes domésticos.
Nesses casos, o cachorro costuma apresentar dor intensa, incapacidade de apoiar a pata no chão e inchaço no membro afetado. A depender do tipo de fratura, da sua localização e da idade do animal, o tratamento conservador pode não ser suficiente, sendo necessária a realização de uma cirurgia para estabilizar o osso com placas, pinos ou hastes intramedulares.
Além das fraturas, algumas doenças do quadril podem exigir a intervenção cirúrgica no fêmur. A displasia coxofemoral, por exemplo, é uma condição hereditária que compromete a articulação entre o fêmur e a pelve, causando instabilidade, dor e, em muitos casos, artrose progressiva.
Quando o tratamento clínico com anti-inflamatórios, condroprotetores, fisioterapia e controle de peso não surte mais efeito, pode ser indicada a colocefalectomia, que consiste na remoção da cabeça do fêmur, ou até mesmo uma artroplastia total de quadril, em que uma prótese substitui a articulação danificada.
Filhotes com deformidades de crescimento, como o encurtamento de membros ou desvios angulares do fêmur, também podem necessitar de correção cirúrgica.
Essas alterações geralmente são notadas à medida que o animal cresce e começa a apresentar marcha anormal ou dificuldade para se locomover. A intervenção precoce, nesses casos, é fundamental para evitar compensações posturais e alterações em outras articulações.
Ainda há situações menos frequentes, mas igualmente graves, como tumores ósseos primários, sendo o osteossarcoma o mais comum.
Nesses casos, a cirurgia pode envolver a remoção parcial ou total do fêmur, com ou sem amputação do membro, dependendo da extensão da lesão. Embora seja uma abordagem mais radical, ela pode ser a única alternativa para aliviar a dor e conter a progressão da doença.
De modo geral, a decisão pela cirurgia do fêmur deve ser baseada em exames clínicos detalhados, radiografias e, em alguns casos, tomografias. A avaliação ortopédica criteriosa permite definir o tipo de procedimento mais adequado, levando em conta o porte do animal, seu estado geral de saúde, o tempo decorrido desde o início do problema e a expectativa de recuperação funcional.
A boa notícia é que, com o avanço das técnicas cirúrgicas e da reabilitação veterinária, muitos cães operados do fêmur conseguem retomar suas atividades normais e viver com conforto e qualidade.
Referências bibliográficas:
Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. 5th ed. Elsevier.
Brinker, W. O., Piermattei, D. L., & Flo, G. L. (2006). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.