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Qual a força ideal de compressão nos parafusos ortopédicos?

Atualizado: 12 de set.

A força ideal de compressão nos parafusos ortopédicos é uma variável crítica para o sucesso da osteossíntese e depende de diversos fatores, como o tipo de osso, a qualidade da cortical, o tipo de fratura, o sistema de fixação utilizado e o diâmetro e o passo da rosca do parafuso.


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Em linhas gerais, a função da compressão é promover o contato íntimo entre os fragmentos ósseos, aumentar a estabilidade do foco de fratura e estimular a consolidação óssea primária, que ocorre com mínimo de calo ósseo.


Os parafusos ortopédicos convencionais, quando aplicados com técnica adequada, podem gerar forças de compressão variando entre 100 a 300 N em ossos de pequeno a médio porte, como os de cães de porte médio.


Essa força é suficiente para manter os fragmentos ósseos coaptados em fraturas simples, particularmente quando o parafuso é inserido utilizando o princípio do "lag screw", ou parafuso de tração. Nesse caso, o parafuso atravessa o fragmento proximal sem roscar (chamado de "glide hole") e se fixa apenas na cortical oposta, gerando compressão eficaz ao apertar.


Quando se utilizam placas de compressão dinâmica (DCP), o design ovalado dos orifícios da placa também auxilia na geração de compressão axial ao se inserir o parafuso de forma excêntrica. A força de compressão nesse cenário pode ser ainda maior, muitas vezes ultrapassando os 400 N, dependendo da técnica e do torque aplicado.


O torque aplicado no parafuso é um dos determinantes diretos da força de compressão. Em geral, parafusos ortopédicos veterinários de 2,0 mm são apertados com torques entre 0,4 a 0,8 Nm, enquanto parafusos de 3,5 mm podem tolerar torques de 1,5 a 2,5 Nm. No entanto, o excesso de torque pode levar ao esmagamento da cortical ou à falha do parafuso, e a aplicação abaixo do ideal resulta em fixação instável.


A utilização de parafusos bloqueados (locking screws), por sua vez, não tem como objetivo primário gerar compressão entre os fragmentos ósseos, mas sim estabilidade angular. Nestes casos, a força de compressão no foco da fratura deve ser gerada por outros meios, como por parafusos de tração adicionais ou pela própria configuração da placa.


É importante também considerar que o tipo de osso influencia na retenção da força compressiva. Ossos com baixa densidade mineral, como os de animais geriátricos ou com doenças metabólicas, oferecem menor resistência à extração e podem perder a força de compressão rapidamente, mesmo com torque aparentemente ideal. Nesses casos, o uso de técnicas complementares, como enxertia óssea ou uso de placas bloqueadas, pode ser necessário.


Dessa forma, não existe um valor fixo de força de compressão que seja ideal para todos os casos. O planejamento cirúrgico, a escolha correta dos implantes e a técnica aplicada são os principais determinantes do sucesso da osteossíntese.


O objetivo deve sempre ser alcançar a máxima estabilidade com o mínimo trauma ósseo, respeitando a biologia da fratura.


Referências bibliográficas:


PIERMATTEI, D. L.; FLO, G. L.; DECAMP, C. E. Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Saunders, 2016.


JOHNSON, A. L.; HESSELGESSER, J. D. Fundamentals of Orthopedic Surgery and Fracture Management in Small Animals. Wiley-Blackwell, 2014.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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