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Pseudoartrose em cães: O que é?

A pseudoartrose em cães é uma complicação ortopédica caracterizada pela falha na consolidação de uma fratura, levando à formação de uma “falsa articulação” no local da lesão.


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Em vez de o osso fraturado cicatrizar de maneira estável e contínua, ocorre um processo anômalo em que as extremidades ósseas permanecem separadas e, com o tempo, desenvolvem tecido fibroso ou até cartilaginoso entre elas.


Esse tecido não possui a mesma rigidez do osso, fazendo com que o foco da fratura apresente mobilidade anormal, semelhante a uma articulação — daí o nome pseudo (falsa) + artrose (articulação).


Na prática, a pseudoartrose pode se desenvolver quando há instabilidade mecânica prolongada no foco de fratura, seja por falha na fixação cirúrgica, por técnicas inadequadas ou por ausência de tratamento adequado.


Também pode ser consequência de problemas biológicos, como comprometimento da vascularização local, infecções, presença de tecido interposto entre os fragmentos ou fatores sistêmicos que prejudicam a cicatrização óssea (doenças metabólicas, desnutrição, uso prolongado de corticoides, etc.).


Fraturas em ossos com irrigação delicada, como o rádio distal em raças toy, têm risco maior de evoluir para pseudoartrose.


Clinicamente, cães com pseudoartrose apresentam claudicação persistente, dor variável e, em alguns casos, deformidade visível no local.


O tutor pode notar que o animal nunca recupera totalmente o apoio da pata, mesmo meses após a fratura, e que o membro apresenta uma mobilidade anormal.


Em situações crônicas, a dor pode diminuir, mas o comprometimento funcional é evidente, pois a falsa articulação não oferece estabilidade suficiente para a locomoção normal.


O diagnóstico é feito principalmente por exames de imagem, sendo a radiografia o método mais utilizado. Ela permite observar a ausência de ponte óssea entre os fragmentos, a presença de esclerose nas extremidades da fratura e, em alguns casos, a formação de um “falso espaço articular”.


A classificação da pseudoartrose pode variar entre hipertrófica (quando há tentativa de formação de calo ósseo, mas sem união) e atrófica (quando não há produção adequada de tecido de reparo).


O tratamento exige intervenção cirúrgica, já que a consolidação espontânea é extremamente improvável. As opções incluem a remoção do tecido fibroso, estabilização rígida com placas, pinos ou fixadores externos, e frequentemente o uso de enxertos ósseos autólogos ou substitutos ósseos para estimular a osteogênese.


Em casos graves e irreversíveis, pode ser necessário recorrer a amputação, principalmente quando a função do membro não pode ser restaurada e a qualidade de vida do animal está comprometida.


Em resumo, a pseudoartrose em cães é uma complicação séria de fraturas não consolidadas, marcada pela formação de uma falsa articulação que compromete a função do membro.


Seu manejo adequado depende de diagnóstico precoce, correção cirúrgica bem planejada e controle rigoroso de fatores que possam prejudicar a cicatrização.


Referências bibliográficas


Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Saunders.


Johnson, A. L., Houlton, J. E. F., & Vannini, R. (2021). AO Principles of Fracture Management in the Dog and Cat. 2nd ed. Thieme.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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