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Prognóstico a longo prazo das fraturas de metacarpo e metatarso em cães

As fraturas de metacarpo e metatarso são relativamente comuns na rotina ortopédica de cães, representando até 12% de todas as fraturas. Afetam animais de todas as idades, com maior frequência em indivíduos jovens, sendo os atropelamentos e quedas os principais mecanismos de trauma.


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Tradicionalmente, a literatura descreve elevadas taxas de complicações e claudicação persistente nesses casos, mas estudos mais recentes têm demonstrado que o prognóstico pode ser mais favorável do que se supunha.


Um estudo retrospectivo avaliou 100 cães tratados entre 1990 e 2007, com acompanhamento clínico e radiográfico médio de quatro anos após o trauma.


Os pacientes foram distribuídos em três grupos: tratamento conservador (talas e imobilizações externas), tratamento cirúrgico (pinos intramedulares, placas, parafusos, fixadores externos) e tratamento combinado (parte dos ossos com fixação interna e os demais estabilizados externamente). Foram analisadas as complicações durante a cicatrização, os achados radiográficos tardios e o resultado funcional quanto à presença de claudicação.


As complicações foram observadas em 16% dos cães tratados conservadoramente, em 12% dos tratados cirurgicamente e em 37% dos submetidos a tratamento combinado. Apesar disso, apenas 3% dos cães apresentaram claudicação persistente a longo prazo.


A osteoartrite foi diagnosticada em 3% dos casos, enquanto a não união ocorreu em apenas 1%. Alterações radiográficas como maluniões (14%) e sinostoses (19%) foram relativamente comuns, mas sem repercussão clínica significativa na maioria dos animais.


Ressalta-se que fraturas do metatarso apresentaram maior risco de complicações em comparação às do metacarpo, sobretudo quando havia instabilidade ou grande deslocamento dos fragmentos.


De forma geral, não houve diferença estatisticamente significativa entre os resultados de cães tratados de maneira conservadora ou cirúrgica em termos de função a longo prazo.


A escolha terapêutica deve, portanto, considerar critérios como o número de ossos envolvidos, o grau de deslocamento, a integridade dos ossos centrais de sustentação (3º e 4º) e o tipo de fratura (articular, aberta, cominutiva).


Cães de grande porte e animais de trabalho tendem a ser melhores candidatos ao tratamento cirúrgico, enquanto fraturas únicas, pouco desviadas e em ossos periféricos podem evoluir satisfatoriamente com tratamento conservador.


Esse estudo demonstrou que a maioria das fraturas de metacarpo e metatarso em cães apresenta bom prognóstico funcional, independentemente da modalidade terapêutica empregada, sendo que alterações radiográficas tardias raramente se correlacionam com dor ou limitação funcional relevante.


Referência bibliográfica


Kornmayer M, Failing K, Matis U. Long-term prognosis of metacarpal and metatarsal fractures in dogs: a retrospective analysis of medical histories in 100 re-evaluated patients. Vet Comp Orthop Traumatol. 2014;27(1):45–53. doi:10.3415/VCOT-13-03-0038


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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