Posso deixar o cachorro andar depois da cirurgia?
- Felipe Garofallo
- há 3 dias
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Essa é uma das perguntas mais frequentes entre os tutores de cães que passaram por um procedimento cirúrgico, especialmente aqueles relacionados à ortopedia. E a resposta, como quase tudo na medicina veterinária, depende do tipo de cirurgia, do estado clínico do animal e da fase da recuperação. Ainda assim, há princípios gerais que podem ajudar os tutores a entender melhor o processo de reabilitação e a importância de respeitar cada etapa do pós-operatório.

Logo após a cirurgia, o organismo do cão está em um estado inflamatório natural, necessário para o processo de cicatrização. Permitir que o animal se movimente livremente nesse momento pode colocar em risco os pontos cirúrgicos, comprometer a fixação de implantes ortopédicos (caso tenham sido utilizados) ou ainda causar dores e complicações secundárias.
Por isso, nas primeiras 48 a 72 horas, a maioria dos veterinários recomenda repouso absoluto, com o animal sendo mantido em um espaço restrito, confortável e seguro.
Com o passar dos dias, conforme a dor é controlada e a cicatrização progride, pequenas caminhadas controladas podem ser introduzidas, geralmente com coleira e guia, sempre sob orientação do médico veterinário responsável.
Isso não apenas ajuda o cão a manter a mobilidade e prevenir atrofias musculares, como também contribui para o bem-estar psicológico do animal, que pode ficar estressado ou ansioso com o confinamento prolongado.
No entanto, deixar o cachorro andar sozinho pela casa ou correr no quintal, mesmo que pareça estar melhor, pode ser perigoso. A ausência de dor não significa que a estrutura operada está totalmente recuperada. Em cirurgias ortopédicas, por exemplo, a consolidação óssea pode levar de quatro a oito semanas, e o tecido cicatricial ainda está frágil durante boa parte desse tempo.
Um movimento brusco ou escorregão pode colocar tudo a perder. Vale destacar que algumas cirurgias exigem imobilização temporária, enquanto outras, como certos procedimentos em coluna vertebral ou articulações, demandam reabilitação ativa com fisioterapia supervisionada. Em todos os casos, a conduta ideal é seguir fielmente o plano pós-operatório recomendado pelo veterinário, que considerará o tipo de cirurgia, o porte do animal, sua idade e histórico clínico.
Portanto, embora seja compreensível o desejo de ver o cão voltar à sua rotina o quanto antes, permitir que ele ande livremente antes da hora pode trazer mais riscos do que benefícios. A paciência e o cuidado do tutor nesse momento são fundamentais para uma recuperação segura e eficaz.
Referências bibliográficas:
Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery (5th ed.). Elsevier Health Sciences.
Millis, D. L., & Levine, D. (2014). Canine Rehabilitation and Physical Therapy (2nd ed.). Elsevier Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.
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