Por que meu cachorro está tomando remédio e não melhora?
- Felipe Garofallo

- 11 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Quando um cachorro está tomando remédio e não apresenta melhora, é natural que os tutores se sintam frustrados, preocupados e até impotentes diante da situação.

Em muitos casos, a expectativa é de que, com o início do tratamento, os sinais clínicos desapareçam rapidamente, mas a realidade pode ser bem mais complexa — e entender os motivos pelos quais a melhora não acontece é fundamental para tomar as decisões corretas.
Em primeiro lugar, é preciso considerar se o diagnóstico está realmente correto. Alguns sinais clínicos em cães, como dor, vômitos, diarreia ou apatia, podem ser comuns a diversas doenças. Por isso, um tratamento baseado em uma hipótese diagnóstica equivocada dificilmente trará bons resultados.
Nessas situações, pode ser necessário revisar o histórico do animal, repetir exames ou realizar testes complementares que não haviam sido feitos inicialmente, como exames de imagem, cultura microbiológica ou exames laboratoriais mais específicos.
Outro ponto importante está relacionado ao tipo de medicamento prescrito e à resposta individual do organismo do animal. Mesmo entre cães com o mesmo diagnóstico, a resposta ao tratamento pode variar. Isso pode acontecer por diferenças genéticas, idade, peso, presença de outras doenças concomitantes ou mesmo pela forma como o organismo metaboliza a medicação.
Por exemplo, um antibiótico que funciona bem para um cão pode não surtir o mesmo efeito em outro, seja por resistência bacteriana ou por baixa absorção do medicamento no trato gastrointestinal.
A adesão ao tratamento também deve ser avaliada. A administração incorreta dos remédios, como doses esquecidas, intervalos irregulares, erro na dosagem ou até mesmo a recusa do animal em tomar o medicamento, pode comprometer totalmente a eficácia da terapia. Em muitos casos, os tutores não percebem que pequenos deslizes podem interferir profundamente no resultado do tratamento.
Além disso, a via de administração (oral, injetável, tópica, etc.) precisa ser adequada ao quadro clínico e às condições do paciente.
Há também doenças que, por sua natureza, exigem um tratamento mais prolongado ou com ação mais lenta. Doenças crônicas como displasia coxofemoral, dermatites alérgicas, doenças autoimunes, infecções ósseas ou neurológicas frequentemente demandam semanas ou meses para que uma melhora clínica significativa seja percebida. Nessas situações, o veterinário pode fazer ajustes na medicação, associar terapias complementares ou reavaliar a estratégia terapêutica com o passar do tempo.
Por fim, é essencial manter uma comunicação aberta com o médico-veterinário. O profissional deve ser informado de qualquer mudança no quadro clínico, efeitos adversos do medicamento ou ausência de resposta.
A partir disso, será possível avaliar se o tratamento deve ser continuado, modificado ou se é necessário buscar uma segunda opinião ou encaminhamento a um especialista.
Em resumo, quando um cachorro está tomando remédio e não melhora, isso pode ter origem em uma série de fatores — desde falhas no diagnóstico até particularidades do organismo do animal ou da própria doença. A melhor conduta é sempre retornar ao veterinário, manter o tratamento conforme as orientações e, se necessário, reavaliar o caso de maneira mais ampla e criteriosa.
Referências bibliográficas:
Ettinger, S. J., & Feldman, E. C. (2017). Textbook of Veterinary Internal Medicine (8th ed.). Elsevier.
Papich, M. G. (2020). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal (5th ed.). Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.