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Por que meu cachorro fica sempre com a cabeça torta?

Atualizado: 12 de set.

Quando um cachorro apresenta a cabeça torta de forma constante — condição chamada clinicamente de inclinação cefálica ou "head tilt" — isso normalmente é um sinal de que há algo afetando o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio do animal.


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O sistema vestibular é composto por estruturas localizadas no ouvido interno e no tronco encefálico, e sua função é manter o senso de equilíbrio, orientação espacial e coordenação dos movimentos oculares com os movimentos da cabeça. Quando algo está errado nesse sistema, o cão pode inclinar a cabeça constantemente para um dos lados, caminhar em círculos, parecer desorientado, ter nistagmo (movimento involuntário dos olhos) ou dificuldade para ficar em pé.


Uma das causas mais comuns de cabeça torta em cães é a doença vestibular periférica, que afeta o ouvido interno ou o nervo vestibular. Essa condição pode surgir de infecções otológicas — principalmente otite média ou interna —, ruptura de tímpano, trauma, pólipos ou até efeitos colaterais de medicamentos ototóxicos.


Em muitos cães idosos, existe também uma forma chamada de síndrome vestibular idiopática geriátrica, que surge subitamente sem uma causa aparente e costuma melhorar em poucos dias a semanas.


Por outro lado, quando a origem da inclinação está no sistema nervoso central, chamamos de doença vestibular central. Ela pode ser consequência de condições mais graves, como tumores cerebrais, encefalites, meningites, AVCs (acidentes vasculares cerebrais), malformações congênitas ou doenças infecciosas como cinomose em estágios neurológicos. Nesses casos, os sinais clínicos costumam ser mais intensos e acompanhados de outros distúrbios neurológicos, como alterações de consciência, convulsões, fraqueza nos membros ou dificuldade de coordenação motora.


Independentemente da causa, a inclinação da cabeça nunca deve ser ignorada. Um exame clínico completo, com avaliação neurológica detalhada, é fundamental para determinar se a origem do problema é periférica ou central. A otoscopia, exames de sangue, radiografias, tomografias ou ressonância magnética podem ser necessários para elucidar o diagnóstico e guiar o tratamento. Em casos de otites, por exemplo, antibióticos específicos e limpeza adequada resolvem o problema.


Já em situações neurológicas mais complexas, o tratamento pode envolver anticonvulsivantes, corticoides, cirurgias ou terapias de suporte intensivo.

É importante destacar que nem toda inclinação de cabeça indica uma condição grave, mas todas devem ser avaliadas com seriedade.


O prognóstico varia conforme a causa: enquanto muitos cães com síndrome vestibular idiopática se recuperam completamente, animais com tumores cerebrais ou encefalites podem ter uma evolução mais delicada. O acompanhamento com um médico-veterinário, e quando necessário com um neurologista veterinário, é essencial para garantir o bem-estar e a qualidade de vida do animal.


Referências bibliográficas:


Garosi, L. (2014). Practical guide to canine and feline neurology. Wiley-Blackwell.

Platt, S. R., & Olby, N. J. (2013). BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology (4th ed.). BSAVA.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


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