Por que meu cachorro está perdendo pelos?
- Felipe Garofallo

- 9 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A queda de pelos em cães é uma das queixas mais comuns entre tutores, e embora possa fazer parte do ciclo natural do animal, nem sempre deve ser ignorada. Algumas raças soltam mais pelos do que outras, principalmente em determinadas épocas do ano, como outono e primavera, quando ocorre a troca de pelagem.

Nesse caso, o cão continua ativo, com pele saudável e sem outras alterações aparentes. Porém, quando a queda se torna intensa, localizada, acompanhada de coceira, vermelhidão, crostas ou falhas visíveis na pelagem, é sinal de que há algo errado e que merece atenção veterinária.
Entre as causas mais frequentes está a dermatite alérgica, que pode ser provocada por alimentos, picadas de pulga ou agentes ambientais, como ácaros e pólen.
A alergia provoca coceira intensa, fazendo com que o cão se coce, lamba ou morda, o que leva à quebra e perda dos pelos. Outro fator comum é a presença de ectoparasitas, como pulgas, carrapatos e ácaros (como o causador da sarna). Esses parasitas irritam a pele, levando à inflamação e à queda de pelos, muitas vezes em áreas específicas como ao redor dos olhos, orelhas, patas ou cauda.
Doenças fúngicas, como a dermatofitose (micose), também podem causar falhas circulares na pelagem, geralmente sem coceira intensa, mas com descamação ou crostas. Já infecções bacterianas de pele (piodermites) costumam surgir como complicações secundárias, principalmente em cães que já têm a pele sensibilizada por alergias ou parasitas.
Outro grupo de causas envolve problemas hormonais, como hipotireoidismo ou hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing). Essas doenças alteram o metabolismo e afetam a qualidade da pele e dos pelos, levando à queda difusa, pele seca, escurecida ou engrossada, e crescimento lento ou ausente de pelos nas áreas afetadas. Cadelas não castradas também podem ter queda de pelos associada a alterações hormonais do ciclo estral.
Além das causas médicas, fatores como estresse, nutrição inadequada ou excesso de banhos com produtos agressivos também interferem na saúde da pelagem. Dietas pobres em proteínas ou ácidos graxos essenciais prejudicam diretamente a integridade da pele, enquanto banhos excessivos removem a camada lipídica protetora da pele, tornando-a mais sensível a irritações.
Por isso, quando a queda de pelos foge do padrão habitual, a melhor conduta é procurar um médico-veterinário. Com base no histórico, exame clínico e, se necessário, exames complementares como raspado de pele, cultura fúngica ou exames hormonais, será possível identificar a causa exata e iniciar o tratamento correto. Quanto antes a causa for detectada, melhor o prognóstico e menor o risco de complicações.
Referências bibliográficas:
Hnilica, K. A., & Patterson, A. P. (2016). Small Animal Dermatology: A Color Atlas and Therapeutic Guide. Elsevier.
Scott, D. W., Miller, W. H., & Griffin, C. E. (2001). Muller and Kirk's Small Animal Dermatology. Saunders.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.