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Por que cães com displasia coxofemoral andam com bamboleio?

O andar bamboleante observado em cães com displasia coxofemoral é uma manifestação direta da instabilidade articular causada pelo mau encaixe entre a cabeça femoral e o acetábulo.


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Essa instabilidade provoca alterações biomecânicas que afetam o padrão de marcha, levando a uma oscilação lateral acentuada.


Na displasia coxofemoral, há uma incongruência entre as superfícies articulares do quadril. O acetábulo tende a ser raso e a cabeça do fêmur, parcialmente luxada, perde o suporte adequado. Isso faz com que, durante a fase de apoio do passo, a força de reação do solo provoque deslocamentos anormais da cabeça femoral dentro do acetábulo.


Com o tempo, o atrito repetido gera microlesões na cartilagem hialina e estimula um processo inflamatório que leva à degeneração articular e à dor crônica.


O bamboleio é, portanto, uma estratégia compensatória. Para reduzir a dor e estabilizar momentaneamente o quadril, o cão altera sua biomecânica: amplia a base de sustentação, movimenta o tronco lateralmente e utiliza mais os músculos da pelve, lombar e membros anteriores para impulsão.


Essa compensação, no entanto, aumenta o gasto energético e pode causar sobrecarga em outras articulações, como joelhos e coluna lombossacra.


Em filhotes e cães jovens, essa marcha alterada é muitas vezes o primeiro sinal clínico perceptível. O tutor pode notar que o animal movimenta as pernas traseiras simultaneamente, em um padrão conhecido como “andar de coelho”. Já em cães adultos, a displasia avançada leva a atrofia dos músculos glúteos e quadríceps, dor à palpação das articulações coxofemorais e limitação na extensão dos quadris.


O diagnóstico deve ser confirmado por avaliação ortopédica e exames de imagem, principalmente radiografias com técnicas específicas (como a projeção ventrodorsal estendida).


Em casos duvidosos, podem ser indicados estudos complementares como tomografia computadorizada ou radiografias sob distração. A análise do grau de subluxação e da remodelação óssea é essencial para definir o estágio da doença e orientar o tratamento.


O manejo da displasia varia conforme a gravidade. Em casos leves, podem ser eficazes medidas conservadoras como controle de peso, fortalecimento muscular, fisioterapia e o uso de nutracêuticos condroprotetores. Já nos casos moderados a graves, a correção cirúrgica é o tratamento de escolha.


Reconhecer o bamboleio como sinal precoce de displasia é fundamental. A marcha alterada indica que o quadril já perdeu parte da estabilidade, e a intervenção precoce pode retardar o avanço da doença, prevenir degenerações secundárias e preservar a qualidade de vida do paciente.


Referências bibliográficas:


Morgan, J. P., Stephens, M. B., & McCarthy, P. H. (2000). Canine Hip Dysplasia: Relationship of Radiographic Findings to Pathologic Changes. Veterinary Radiology & Ultrasound, 41(5), 474–484.

Nunamaker, D. M., & Newton, C. D. (2017). Textbook of Small Animal Orthopaedics. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.



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