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Placas com e sem bloqueio na ortopedia veterinária: O que escolher?

Atualizado: 12 de set.

Na ortopedia veterinária, a escolha entre placas com e sem bloqueio é um ponto central na decisão terapêutica, principalmente em fraturas de ossos longos.


As placas convencionais, sem bloqueio, dependem diretamente do contato íntimo entre a superfície óssea e a placa para manter a estabilidade.


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A fixação ocorre pelo atrito gerado entre o osso e a placa, com os parafusos comprimindo o implante contra o osso.


Essa técnica exige uma boa adaptação anatômica da placa à superfície óssea e, muitas vezes, maior manipulação dos tecidos moles para garantir o encaixe perfeito, o que pode comprometer parte da vascularização periosteal.


Por outro lado, quando bem executada, oferece excelente estabilidade e baixo custo, sendo ainda uma técnica bastante utilizada em diferentes situações clínicas.


Já as placas com bloqueio (Locking Compression Plates – LCP e variações) representam uma evolução importante no conceito de osteossíntese.


Nelas, o parafuso se fixa de forma angular à placa, criando um sistema mais rígido em que não é necessário depender do contato íntimo com o osso para manter a estabilidade. Isso reduz a necessidade de compressão da placa contra o osso, preservando a vascularização periosteal e favorecendo a consolidação biológica.


Além disso, a estabilidade angular proporcionada pelos parafusos bloqueados reduz o risco de afrouxamento em ossos osteoporóticos ou em fraturas altamente cominutivas, onde o osso não oferece tanta resistência mecânica.


A placa com bloqueio também distribui melhor as forças ao longo da montagem e funciona como um "fixador interno", sendo especialmente vantajosa em fraturas metafisárias, em pacientes de grande porte e em situações de baixa qualidade óssea.


Entretanto, o custo das placas com bloqueio ainda é superior, o que pode limitar seu uso em determinadas realidades clínicas. Além disso, a técnica exige maior familiaridade com os princípios biológicos de fixação, já que a rigidez excessiva pode levar a um atraso na consolidação se não houver planejamento adequado da elasticidade do sistema.


Nesse contexto, muitos ortopedistas veterinários avaliam caso a caso: fraturas simples diafisárias em animais jovens e com bom estoque ósseo ainda podem ser tratadas com placas convencionais, enquanto fraturas cominutivas, instáveis, em regiões metafisárias ou em pacientes com maior demanda mecânica se beneficiam do uso de placas bloqueadas.


Em alguns cenários, inclusive, pode-se combinar técnicas, utilizando placas sem bloqueio em situações de compressão absoluta (buscando união primária) e placas bloqueadas em regiões críticas, favorecendo a estabilidade relativa e a preservação biológica.


Assim, a escolha não deve ser feita de forma padronizada, mas considerando fatores como tipo de fratura, localização, idade do paciente, qualidade óssea, porte do animal, além de aspectos econômicos e da experiência do cirurgião.


A compreensão clara da biomecânica envolvida é essencial para selecionar a melhor abordagem em cada caso, garantindo não apenas a consolidação da fratura, mas também a restauração funcional do membro com o menor risco de complicações.

Referências bibliográficas:


Johnson, A. L., & Hulse, D. A. (2021). Fundamentals of Orthopedic Surgery and Fracture Management. In: Fossum, T. W. (Ed.), Small Animal Surgery, 5th ed. Elsevier.Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2016). Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


 
 

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