Placa, pino ou fixador externo: qual o melhor?
- Felipe Garofallo

- 11 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Na ortopedia veterinária, a escolha entre placa, pino intramedular ou fixador externo para estabilização de fraturas depende de uma série de fatores, e não existe uma única resposta definitiva para qual método é “o melhor”.

Cada técnica possui indicações específicas, vantagens e limitações, e a decisão deve ser baseada na localização e tipo da fratura, nas características do paciente, no ambiente cirúrgico disponível e na experiência do cirurgião.
As placas ósseas, especialmente as placas bloqueadas (LCP – locking compression plates), representam uma das formas mais modernas e estáveis de osteossíntese. Elas são aplicadas na superfície do osso e, quando corretamente posicionadas, proporcionam rigidez e estabilidade angular, especialmente em fraturas cominutivas ou articulares.
As placas bloqueadas têm a vantagem de não dependerem do contato direto com o osso para fornecer estabilidade, o que favorece a preservação do suprimento sanguíneo local e facilita a consolidação óssea, além de fornecerem excelente estabilidade.
Os pinos intramedulares, por sua vez, são implantados dentro do canal medular do osso e são amplamente utilizados por sua facilidade técnica, menor tempo cirúrgico e menor custo. São particularmente indicados em fraturas diafisárias simples de ossos longos, como o fêmur e a tíbia.
Apesar disso, oferecem pouca resistência às forças de rotação e de compressão axial, o que pode comprometer a estabilidade em fraturas mais complexas. Por esse motivo, muitas vezes são utilizados em combinação com cerclagens para aumentar sua eficácia.
Já o fixador externo é um sistema versátil que consiste em pinos transcutâneos conectados por barras externas, permitindo a estabilização da fratura sem a necessidade de grande exposição cirúrgica. É especialmente útil em fraturas abertas, infecções, lesões com comprometimento de partes moles ou em casos de osteomielite.
Sua principal vantagem é o acesso facilitado ao foco da fratura para cuidados locais, mas ele exige um manejo pós-operatório rigoroso por parte do tutor e pode causar desconforto ou complicações, como infecção nos trajetos dos pinos.
Em suma, a escolha do método ideal deve ser individualizada. Em pacientes com fraturas fechadas e boa condição geral, placas bloqueadas tendem a oferecer os melhores resultados biomecânicos. Em alguns tipos de fratura, o uso de pino associado com outras técnicas ainda é uma alternativa válida.
E nos casos com risco de infecção, perda de substância óssea ou fraturas expostas, o fixador externo continua sendo uma ferramenta essencial. O sucesso do tratamento não depende apenas do implante escolhido, mas da qualidade da redução, da estabilidade obtida e do manejo pós-operatório.
Referências:
Johnson, A. L., & Houlton, J. E. F. (2020). Fundamentals of Orthopedic Surgery and Fracture Management in Veterinary Practice. Wiley-Blackwell.
Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2006). Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th ed. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.