Peritonite infecciosa felina (PIF) e sintomas neurológicos

A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) é uma doença viral que afeta os gatos e é causada pelo Coronavírus Felino (FCoV).

Embora o FCoV seja comum em populações felinas, a PIF é uma complicação que ocorre em uma pequena proporção de gatos infectados, devido a mutação do Coronavírus Felino. A PIF é conhecida por sua natureza complexa e imprevisível, resultando em uma variedade de sinais clínicos e formas de apresentação. Além dos sintomas típicos, a PIF pode também afetar o sistema nervoso central dos gatos, resultando em sinais neurológicos preocupantes.

Os sintomas neurológicos da PIF em gatos podem variar consideravelmente, dependendo da forma da doença e das áreas específicas do sistema nervoso afetadas. Esses sintomas podem ser sutis e insidiosos ou dramáticos e debilitantes. Alguns dos sinais neurológicos mais comuns associados à PIF incluem convulsões, ataxia (descoordenação), paresia ou paralisia de membros, alterações comportamentais, incluindo mudanças na personalidade, depressão, agressão ou reclusão, e problemas de visão, como dilatação das pupilas, estrabismo ou cegueira.

A presença de sinais neurológicos na PIF geralmente indica uma forma mais grave e avançada da doença. Isso ocorre porque o vírus da PIF pode causar inflamação e dano aos tecidos do sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal, resultando em disfunção neurológica. A inflamação do sistema nervoso central pode levar à destruição dos tecidos cerebrais, formação de granulomas, vasculite e aumento da pressão intracraniana, todos os quais contribuem para os sintomas neurológicos observados em gatos com PIF.

O diagnóstico de PIF com envolvimento neurológico em gatos pode ser desafiador devido à complexidade da doença e à sobreposição de sintomas com outras condições médicas. Geralmente, o diagnóstico é baseado em uma combinação de histórico clínico, sinais clínicos e exames laboratoriais. Os exames de sangue podem revelar anormalidades, como anemia, leucocitose, trombocitopenia e aumento das proteínas globulinas. A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) pode ser útil para identificar a presença de inflamação no sistema nervoso central.

O tratamento da PIF com envolvimento neurológico em gatos é desafiador e muitas vezes paliativo, visando aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. O objetivo principal do tratamento é fornecer cuidados de suporte, como hidratação, nutrição adequada, controle da dor e prevenção de complicações secundárias. Em alguns casos, podem ser prescritos medicamentos para reduzir a inflamação cerebral, controlar convulsões ou tratar infecções secundárias.

Infelizmente, a PIF com envolvimento neurológico em gatos tem um prognóstico reservado. A progressão da doença é rápida e muitos gatos afetados deterioram-se rapidamente, apesar das medidas terapêuticas. É importante que os tutores de gatos estejam cientes dos sinais clínicos associados à PIF, especialmente se o animal apresentar sintomas neurológicos, e procurem atendimento veterinário imediato se observarem quaisquer alterações no comportamento, na coordenação motora ou na função sensorial de seus animais de estimação.

A prevenção da PIF em gatos é desafiadora devido à natureza complexa da doença e à falta de uma vacina eficaz. No entanto, medidas podem ser tomadas para reduzir o risco de infecção por coronavírus felino em gatos, como manter um ambiente limpo e higienizado, minimizar o contato com gatos infectados e controlar o estresse e a superpopulação em ambientes de múltiplos gatos.

Referências bibliográficas

Kornegay, Joe. (1978). Feline infectious peritonitis: The central nervous system form. Journal of the American Animal Hospital Association. 14. 580-584. Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial ou consultoria on-line pelo whatsapp (11)91258-5102.