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Pectus excavatum ou carinatum em gatos

Atualizado: 8 de out.

O pectus excavatum e o pectus carinatum são deformidades congênitas da parede torácica observadas em gatos, caracterizadas por alterações no formato do esterno e das cartilagens costais, que comprometem a conformação do tórax e, em casos mais graves, podem afetar o funcionamento respiratório e cardiovascular.


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Embora sejam condições raras, o reconhecimento precoce é fundamental para evitar complicações sistêmicas e orientar o tratamento adequado.


No pectus excavatum, há um desvio do esterno em direção à cavidade torácica, criando uma depressão ventral visível. Essa conformação reduz o volume torácico e pode comprimir órgãos vitais, especialmente o coração e os pulmões. Gatos acometidos podem apresentar dispneia, intolerância ao exercício, cianose, taquipneia e, em casos severos, deslocamento cardíaco visível ao exame radiográfico.


Já o pectus carinatum é o oposto: o esterno projeta-se para fora, resultando em um aspecto de “peito de pombo”. Embora normalmente seja menos grave, pode também causar desconforto respiratório e predispor o animal a alterações posturais e ortopédicas secundárias.


A etiologia de ambas as deformidades ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que fatores genéticos, falhas no desenvolvimento das cartilagens costais e desequilíbrios de crescimento entre o esterno e a caixa torácica desempenhem papel central. Em alguns casos, há histórico familiar, sugerindo hereditariedade, enquanto em outros, as alterações surgem isoladamente, sem padrão genético claro.


O diagnóstico é clínico e radiográfico. A inspeção física revela facilmente a deformidade, mas a radiografia torácica é essencial para avaliar a gravidade e o impacto sobre os órgãos intratorácicos.


No pectus excavatum, o grau de depressão esternal pode ser mensurado por índices radiográficos, como o índice de vertebral esternal (IVS), que relaciona a profundidade da deformidade ao diâmetro torácico.


Um IVS inferior a 9 é geralmente associado a casos severos, que requerem intervenção imediata.


O tratamento depende da gravidade e da idade do paciente. Em filhotes jovens com deformidades leves, a simples restrição de exercícios vigorosos e o uso de dispositivos externos, como talas compressivas ou coletes moldados sob medida, podem induzir o remodelamento gradual da parede torácica, uma vez que o esterno ainda apresenta plasticidade. Já em gatos adultos ou em casos graves, a correção cirúrgica é o tratamento de escolha.


Essa técnica consiste na fixação do esterno com pinos, fios de aço ou moldes externos de sustentação, permitindo que a parede torácica reassuma gradualmente sua conformação anatômica normal.


O prognóstico é variável e depende diretamente do grau de comprometimento funcional. Animais com pectus excavatum leve podem viver normalmente sem necessidade de intervenção, enquanto casos graves, se não tratados, podem evoluir com insuficiência respiratória crônica, hipoxemia e diminuição da expectativa de vida.


O acompanhamento pós-operatório é essencial, com monitoramento radiográfico periódico e fisioterapia respiratória para otimizar a expansão pulmonar e a recuperação funcional.


O pectus carinatum, por sua vez, raramente requer tratamento cirúrgico, exceto quando causa desconforto ou prejuízo estético significativo. A maioria dos casos leves é manejada com observação clínica e controle radiográfico ao longo do crescimento do animal.


Apesar de raras, essas deformidades merecem atenção especial, pois, quando diagnosticadas precocemente, oferecem boas chances de correção e melhora da qualidade de vida.


A conscientização dos tutores e a avaliação veterinária precoce são determinantes para o sucesso do tratamento e a prevenção de complicações respiratórias e cardíacas permanentes.

Referências bibliográficas:

Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery (5th ed.). Elsevier.

Pratschke, K. M. (2015). Thoracic Wall Deformities in Cats: Diagnosis and Surgical Management. Journal of Feline Medicine and Surgery, 17(9), 767–774.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.



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