PCR em cães: O que é?
- Felipe Garofallo

- 20 de set.
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A PCR, sigla para Reação em Cadeia da Polimerase (Polymerase Chain Reaction), é um exame de biologia molecular utilizado em cães para detectar o material genético de agentes infecciosos, sejam eles vírus, bactérias ou protozoários.

Diferente de exames sorológicos, que identificam anticorpos e refletem a resposta imune do animal, a PCR busca fragmentos específicos de DNA ou RNA do agente, permitindo confirmar sua presença no organismo, mesmo em fases iniciais da infecção.
O princípio da técnica baseia-se na amplificação exponencial de segmentos de material genético. A partir de uma pequena amostra de sangue, urina, fezes, aspirados ou fragmentos de tecidos, enzimas chamadas polimerases duplicam repetidamente regiões específicas do DNA alvo.
Após vários ciclos, esse DNA torna-se detectável por métodos laboratoriais. No caso de vírus de RNA, como o coronavírus canino, a técnica utilizada é a RT-PCR (Reverse Transcriptase PCR), que inclui uma etapa de transcrição reversa para converter RNA em DNA antes da amplificação.
Em cães, a PCR é extremamente útil no diagnóstico de doenças infecciosas transmitidas por carrapatos, como erlichiose, anaplasmose e babesiose, já que consegue identificar o agente mesmo em fases precoces, quando a sorologia ainda pode ser negativa.
Também é amplamente utilizada para detecção de leishmaniose, cinomose, parvovirose, brucelose e toxoplasmose, entre outras. Sua sensibilidade e especificidade são altas, o que a torna uma das ferramentas mais confiáveis para confirmar infecções.
Apesar das vantagens, a PCR também apresenta limitações. Por ser um exame altamente sensível, há risco de falsos-positivos caso ocorra contaminação da amostra com DNA externo.
Além disso, um resultado positivo nem sempre indica doença ativa: em alguns casos, pode apenas significar que o animal esteve em contato recente com o agente.
Já os falsos-negativos podem ocorrer quando a quantidade de material genético do patógeno é muito baixa na amostra coletada, como em fases crônicas ou latentes de algumas doenças. Por isso, a interpretação deve sempre ser associada ao exame clínico e a outros testes complementares.
Na prática clínica, a PCR tem se consolidado como um exame de referência, especialmente em situações nas quais o diagnóstico precoce é essencial para instituir tratamento adequado e aumentar as chances de sucesso terapêutico.
Sua precisão e rapidez a tornam indispensável em doenças de evolução aguda e potencialmente fatais, além de ser uma ferramenta importante para monitoramento epidemiológico e controle de surtos.
Referências bibliográficas
Greene, C. E. (2012). Infectious Diseases of the Dog and Cat. 4th ed. Elsevier.
Tilley, L. P., & Smith, F. W. K. (2015). Blackwell’s Five-Minute Veterinary Consult: Canine and Feline. 6th ed. Wiley-Blackwell.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.