Patela baixa em cães
- Felipe Garofallo

- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
A patela baixa, ou patella baja, é uma condição ortopédica caracterizada pela posição anormalmente distal da patela em relação à tróclea femoral no joelho de cães.

Embora menos discutida do que a patela alta, essa alteração também pode comprometer a biomecânica da articulação femorotibiopatelar, afetando a eficiência do aparelho extensor e predispondo a dores, rigidez e restrições de movimento.
Em um joelho normal, a patela se articula com o sulco troclear do fêmur, deslizando suavemente durante a flexão e extensão do membro posterior.
Quando posicionada mais distalmente do que o ideal, a patela pode não atingir adequadamente a porção mais profunda da tróclea durante os movimentos articulares, gerando atrito inadequado, desgaste de cartilagem e possível comprometimento da estabilidade.
A patela baixa pode ser observada em alguns casos de fibrose pós-cirúrgica, encurtamento do ligamento patelar, ossificações heterotópicas, ou como resultado de cirurgias mal planejadas envolvendo transposição ou fixação da tuberosidade tibial.
O diagnóstico geralmente é feito por radiografia lateral do joelho em extensão, sendo a principal medida utilizada a relação L:P (comprimento do ligamento patelar dividido pelo comprimento da patela).
Em cães saudáveis, esse índice geralmente varia entre 1,8 e 2,0. Valores abaixo de 1,8 sugerem patela baixa, pois indicam que o ligamento patelar está proporcionalmente encurtado.
Clinicamente, cães com patela baixa podem apresentar:
Claudicação de início súbito ou crônica;
Dificuldade em subir escadas ou se levantar;
Dor à manipulação do joelho;
Limitação na extensão do membro.
Em muitos casos, a patela baixa é uma alteração secundária, especialmente após cirurgias ortopédicas como correção de luxação de patela ou procedimentos no ligamento cruzado cranial. Quando o pós-operatório leva à formação de fibrose no tecido ao redor do ligamento patelar, pode ocorrer encurtamento funcional que traciona a patela distalmente.
Isso pode ser agravado por imobilizações prolongadas, inflamações articulares severas ou falhas na reabilitação fisioterápica.
O tratamento da patela baixa dependerá da gravidade dos sinais clínicos e da causa subjacente. Em quadros leves, pode-se tentar tratamento conservador com fisioterapia, fortalecimento muscular e controle da dor. Em casos mais severos, especialmente quando há impacto funcional relevante, intervenções cirúrgicas podem ser consideradas, como:
Ressecção de fibroses periarticulares;
Osteotomia corretiva da tuberosidade tibial;
Reposicionamento patelar.
Assim como em outras alterações de patela, o prognóstico dependerá da causa, da precocidade do diagnóstico e da abordagem terapêutica. Em pacientes submetidos a cirurgia, a fisioterapia pós-operatória é essencial para evitar recidivas e manter a amplitude de movimento.
Referências bibliográficas:
Tomlinson, J. L., Cook, J. L. (2002). Pathophysiology and diagnosis of canine patellar luxation. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 32(4), 879–891.
L’Eplattenier, H. F., Montavon, P. M. (2002). Patellar luxation in dogs and cats: pathogenesis and diagnosis. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, 24(3), 234–243.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.