Pantoprazol em cães
- Felipe Garofallo

- 20 de jul.
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Atualizado: 12 de set.
O pantoprazol é um fármaco da classe dos inibidores da bomba de prótons, amplamente utilizado na medicina humana e veterinária para o controle da acidez gástrica.

Em cães, sua principal indicação está relacionada à prevenção e ao tratamento de condições que envolvem a hipersecreção de ácido clorídrico no estômago, como gastrites, úlceras gástricas e duodenais, esofagites de refluxo, e também como parte do protocolo terapêutico em pacientes submetidos a tratamentos com anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), que podem causar lesões gástricas como efeito colateral.
O mecanismo de ação do pantoprazol baseia-se na inibição irreversível da enzima H+/K+-ATPase, conhecida como bomba de prótons, localizada na membrana das células parietais do estômago.
Essa inibição reduz significativamente a secreção ácida gástrica, proporcionando alívio dos sintomas e favorecendo a cicatrização das lesões na mucosa digestiva.
Uma vez que o pantoprazol necessita de um ambiente ácido para ser ativado, sua administração costuma ser feita em jejum, geralmente por via oral, embora também exista a formulação injetável para uso intravenoso em situações críticas ou quando o animal não consegue ingerir medicamentos.
Na rotina clínica, o pantoprazol pode ser utilizado em cães com vômitos frequentes, hematêmese (vômito com sangue), melena (fezes enegrecidas por sangue digerido), e também como suporte gastroprotetor em pacientes internados ou com doenças sistêmicas graves, como insuficiência renal, hepática ou quadros neurológicos com risco de aumento da pressão intracraniana, uma vez que o estresse fisiológico pode desencadear úlceras gástricas nesses casos.
Em relação à dosagem, o pantoprazol é geralmente administrado na dose de 0,7 a 1,0 mg/kg, uma vez ao dia, por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do caso e da via de administração disponível. A resposta clínica costuma ser observada em poucos dias, mas o tratamento pode se estender por semanas em casos crônicos ou severos.
É importante que o uso do medicamento seja sempre feito sob orientação e acompanhamento veterinário, pois apesar de seu perfil de segurança ser considerado bom, o uso prolongado ou indiscriminado pode levar a alterações na microbiota gastrointestinal, deficiência de absorção de alguns nutrientes e, em raros casos, hipergastrinemia compensatória.
O pantoprazol não deve ser utilizado como solução única para quadros gastrointestinais, mas sim como parte de um plano terapêutico mais amplo, que inclui controle da dieta, identificação e manejo da causa primária da agressão gástrica, e eventualmente a associação com outros medicamentos como sucralfato, antieméticos ou antibióticos, quando indicados.
Referências bibliográficas:
Papich, M. G. (2016). Saunders Handbook of Veterinary Drugs: Small and Large Animal. Elsevier Health Sciences.
Plumb, D. C. (2018). Plumb’s Veterinary Drug Handbook (9th ed.). Wiley-Blackwell.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.