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Osteoporose em cães: Existe?

A osteoporose em cães é uma condição rara quando comparada aos humanos, mas pode ocorrer em situações específicas e merece atenção dentro da ortopedia veterinária.


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Trata-se de uma doença caracterizada pela redução da densidade mineral óssea e pela deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, o que resulta em ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas.


Nos cães, a osteoporose geralmente não aparece como uma doença primária, mas sim como consequência de distúrbios hormonais, nutricionais, metabólicos ou pelo uso prolongado de determinados medicamentos.


Entre as principais causas descritas, destacam-se os desequilíbrios hormonais, como o hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing), que promove reabsorção óssea acelerada devido ao excesso de glicocorticoides circulantes.


O uso prolongado de corticoterapia também pode induzir o mesmo efeito, levando ao enfraquecimento dos ossos com o tempo. Distúrbios nutricionais, como dietas pobres em cálcio, vitamina D ou com desbalanço na relação cálcio:fósforo, também podem favorecer a osteoporose, principalmente em animais em crescimento.


Além disso, doenças crônicas que afetam a absorção intestinal de nutrientes ou quadros de imobilização prolongada após fraturas e cirurgias ortopédicas podem contribuir para a perda de massa óssea.


Os sinais clínicos de osteoporose em cães não são específicos, o que dificulta o diagnóstico inicial.


O tutor pode notar dor difusa, claudicação, dificuldade em se locomover, intolerância a exercícios e, em casos mais avançados, fraturas espontâneas sem histórico de trauma significativo. O exame físico pode revelar sensibilidade óssea e muscular, mas o diagnóstico definitivo depende de exames de imagem.


As radiografias convencionais mostram ossos com menor densidade e aspecto mais radiotransparente, mas métodos mais avançados como densitometria óssea e tomografia computadorizada permitem avaliar de forma mais precisa a extensão da perda mineral.


O tratamento da osteoporose em cães envolve identificar e corrigir a causa primária, além de fornecer suporte nutricional e farmacológico. A suplementação adequada de cálcio, fósforo e vitamina D pode ser indicada, sempre com cuidado para evitar excessos que também são prejudiciais.


Em casos relacionados ao uso de glicocorticoides, é fundamental revisar a necessidade do tratamento e buscar alternativas terapêuticas. O manejo da dor e a prevenção de fraturas são pontos centrais, podendo incluir analgésicos, fisioterapia e controle rigoroso da atividade física.


Embora rara, a osteoporose em cães é uma condição que exige atenção, especialmente em pacientes com doenças endócrinas, em uso crônico de corticoides ou submetidos a períodos prolongados de inatividade.


O diagnóstico precoce e o manejo adequado podem reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida desses animais, reforçando a importância do acompanhamento veterinário em casos de claudicação persistente e dor óssea difusa.


Referências bibliográficas

Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2018). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd ed. Elsevier.

Allen, M. J. (2003). Skeletal complications of osteoporosis: pathophysiology, prevention, and treatment. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 33(6), 1235–1255.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.


Horário: Segunda à sexta, 09h às 18h. Sábados 10:00 às 14:00
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