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Osteoartrite em gatos: como identificar?

A osteoartrite, também chamada de doença articular degenerativa, é uma das condições ortopédicas mais comuns em cães, mas frequentemente subdiagnosticada em gatos. Isso acontece porque os felinos têm um comportamento naturalmente reservado, disfarçam sinais de dor e muitas vezes não demonstram claudicação evidente como os cães.


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O resultado é que inúmeros gatos convivem por anos com dor articular crônica sem que o tutor perceba, o que compromete de forma significativa sua qualidade de vida.


A osteoartrite é caracterizada pelo desgaste progressivo da cartilagem articular, levando a inflamação, dor e perda de mobilidade. Em gatos, pode afetar quadris, joelhos, cotovelos e até a coluna vertebral.


Embora possa aparecer em animais jovens após traumas ou displasias, é mais comum em felinos idosos, sendo considerada parte relevante do envelhecimento. Estudos mostram que mais de 60% dos gatos acima de 6 anos apresentam alterações radiográficas compatíveis com osteoartrite.


Identificar os sinais exige um olhar atento do tutor. O gato com osteoartrite não costuma mancar de forma óbvia, mas sim alterar sutis aspectos do comportamento. Um dos sinais mais frequentes é a redução da atividade: o animal deixa de correr, brincar ou explorar locais altos como antes. Muitos passam a evitar saltar em sofás, camas ou prateleiras, preferindo permanecer no chão.


Outros ainda tentam subir, mas com maior hesitação, escolhendo alturas menores ou procurando apoios intermediários. Essa perda de agilidade é frequentemente atribuída ao envelhecimento normal, mas pode ser uma manifestação dolorosa da osteoartrite.


A higiene corporal também pode ser comprometida. Gatos com dor articular têm dificuldade para alcançar determinadas regiões, principalmente dorso e base da cauda. Como consequência, a pelagem pode se tornar mais oleosa ou apresentar nós em áreas específicas.


Alterações no comportamento de uso da caixa de areia também são comuns: a dificuldade para entrar ou sair da bandeja pode levar o gato a urinar ou defecar em locais inadequados, muitas vezes interpretado pelo tutor como problema comportamental.


Outro sinal importante é a mudança no temperamento. Gatos com dor crônica tendem a se isolar, podem se tornar mais irritadiços e até reagir com agressividade quando manipulados.


A perda de apetite, diminuição no contato social e longos períodos de inatividade completam o quadro clínico.


Em alguns casos, os tutores relatam que o gato “envelheceu de repente”, quando, na verdade, o que ocorreu foi a progressão de um processo doloroso não reconhecido.


O diagnóstico da osteoartrite em gatos exige avaliação ortopédica detalhada, frequentemente associada a exames de imagem como radiografias.


Embora nem sempre as alterações radiográficas reflitam a intensidade da dor, sua presença confirma a degeneração articular. Além disso, o teste terapêutico, em que se institui tratamento analgésico e se avalia a resposta clínica, é uma ferramenta muito utilizada na rotina.


A identificação precoce da osteoartrite em gatos é fundamental para garantir qualidade de vida. Embora não exista cura definitiva, há múltiplas opções de tratamento que reduzem a dor e devolvem bem-estar, como analgésicos modernos, condroprotetores, infiltrações intra-articulares, fisioterapia e até terapias regenerativas como PRP ou células-tronco.


O tutor informado desempenha papel central nesse processo, já que somente ao reconhecer os sinais sutis de alteração comportamental é possível buscar atendimento especializado a tempo.


Em resumo, se um gato idoso deixa de pular, se isola mais do que antes, apresenta alterações na higiene ou evita a caixa de areia, não se deve atribuir esses sinais apenas à idade. Podem ser manifestações silenciosas de osteoartrite, que merecem investigação e tratamento adequados para preservar sua saúde e longevidade com qualidade.


Referências bibliográficas


Lascelles, B. D. X. (2010). Feline degenerative joint disease. Veterinary Surgery, 39(1), 2–13.


Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2018). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd Edition. Elsevier.


Sobre o autor


Dr. Felipe Garofallo, veterinário ortopedista, especializado no diagnóstico e tratamento de problemas articulares e musculoesqueléticos em cães

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.



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