O que é lise óssea na radiografia e o que significa?
- Felipe Garofallo
- 22 de jul.
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Atualizado: há 4 horas
A lise óssea na radiografia é um achado que indica a perda ou destruição do tecido ósseo em determinada região do corpo, e pode ser observada como áreas de menor densidade (mais escuras) na imagem.

Esse fenômeno ocorre quando há reabsorção do osso por ação de células chamadas osteoclastos, que são ativadas em resposta a processos inflamatórios, infecciosos, neoplásicos ou traumáticos.
O reconhecimento da lise óssea em exames de imagem é fundamental para o diagnóstico diferencial de diversas doenças ortopédicas e sistêmicas que afetam cães e gatos.
Na radiografia, o osso saudável apresenta uma densidade relativamente uniforme, com cortical bem definida e trabeculado interno organizado. Quando há lise, essa estrutura começa a se tornar irregular, com falhas no contorno cortical, rarefação do trabeculado e zonas radiolúcidas, ou seja, mais escuras do que o normal.
A lise pode ser classificada em diferentes padrões, como geográfica, permeativa ou moteada, sendo que cada padrão tem implicações clínicas diferentes.
Por exemplo, uma lise óssea de padrão geográfico, com margens bem definidas, pode estar relacionada a lesões benignas ou de evolução lenta, enquanto padrões permeativos ou moteados, com margens irregulares e múltiplas áreas de destruição, sugerem processos mais agressivos, como infecções graves ou neoplasias malignas.
A presença de lise óssea em uma radiografia nunca deve ser interpretada isoladamente. Ela precisa ser correlacionada com o histórico clínico do paciente, sinais observados no exame físico e outros exames complementares, como tomografia, biópsia ou exames laboratoriais.
Em cães, a lise óssea pode ser causada por osteomielite (infecção óssea bacteriana ou fúngica), tumores ósseos primários como o osteossarcoma, metástases ósseas de neoplasias sistêmicas, doenças periodontais severas (em mandíbulas e maxilas), além de lesões articulares crônicas com erosão óssea.
A detecção precoce da lise óssea é essencial para que o tratamento seja mais eficaz. Em alguns casos, como nas infecções, o controle pode ser feito com antibióticos específicos, cirurgia de debridamento e suporte clínico.
Em neoplasias, a abordagem pode incluir cirurgia oncológica, quimioterapia, analgesia e cuidados paliativos, dependendo do tipo e estágio do tumor. Já em casos degenerativos ou traumáticos, o manejo pode envolver estabilização ortopédica, controle da dor e fisioterapia.
A lise óssea representa, portanto, uma sinalização de que há algo agressivo ou patológico atuando sobre a estrutura óssea, comprometendo sua integridade e função. É um achado que exige investigação aprofundada, raciocínio clínico refinado e, muitas vezes, ação rápida por parte da equipe veterinária.
O prognóstico varia amplamente conforme a causa subjacente, localização da lesão e tempo de evolução.
Referências bibliográficas:
THRALL, Donald E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 7th ed. Elsevier, 2017.
DENNIS, R.; KIRBERG, J. A.; MOORE, M. Handbook of Small Animal Radiology and Ultrasound. 2nd ed. Saunders, 2010.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.