Meu cachorro não quer passear: O que fazer?
- Felipe Garofallo

- 10 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
É bastante frustrante para tutores quando um cachorro que antes adorava passear de repente começa a recusar os passeios. Esse comportamento pode ter várias causas, desde questões físicas até aspectos emocionais e ambientais. Entender o motivo por trás da recusa é o primeiro passo para encontrar a melhor forma de ajudar seu cão a voltar a se sentir seguro e motivado para sair de casa.

A causa mais comum e, muitas vezes, negligenciada, é a dor. Problemas ortopédicos, como displasia coxofemoral, luxação de patela ou até mesmo uma torção muscular, podem tornar desconfortável ou até doloroso o ato de caminhar. Cães não conseguem comunicar dor da mesma forma que os humanos, então é comum que manifestem isso com uma mudança comportamental, como a recusa em passear.
Avaliar a movimentação do seu cão dentro de casa, se há claudicação, relutância para subir degraus ou dificuldade para se levantar, pode ajudar a identificar se a origem é física. Nesses casos, a avaliação veterinária é indispensável, com exames ortopédicos e eventualmente radiografias ou exames neurológicos.
Outro fator possível é o medo. Alguns cães desenvolvem fobias específicas, como medo de barulhos da rua, fogos de artifício, carros, motos ou até mesmo de outros cães. Um trauma isolado, como ter sido atacado ou assustado em um passeio anterior, pode marcar profundamente o animal. Esses casos exigem paciência e recondicionamento positivo, além de, em certos casos, suporte de um profissional em comportamento animal ou mesmo o uso de medicação ansiolítica sob supervisão veterinária.
Alterações na rotina também podem desencadear esse tipo de comportamento. Mudanças de endereço, a chegada de um novo animal ou pessoa na casa, ou alterações na rotina dos passeios podem gerar insegurança. Cães são animais sensíveis à previsibilidade do ambiente, e mudanças repentinas podem desestabilizá-los emocionalmente.
Há ainda os casos em que o animal está simplesmente entediado ou desmotivado. Isso ocorre principalmente em cães de porte pequeno ou idosos que não têm estímulo suficiente durante o passeio. O trajeto sempre igual, a ausência de contato com novos odores, ambientes e interações fazem com que o passeio deixe de ser interessante. Introduzir brinquedos interativos, novos caminhos ou até mesmo uma companhia canina pode fazer com que a atividade volte a ser prazerosa.
Por fim, vale considerar o papel do tutor nesse processo. A forma como o passeio é conduzido, a energia transmitida ao cão, o uso excessivo da guia de forma corretiva, ou até puxões involuntários podem impactar negativamente a experiência. Um passeio tranquilo, respeitando o ritmo do cão e oferecendo tempo para cheirar o ambiente, contribui para o bem-estar físico e mental do animal.
A recusa para passear nunca deve ser ignorada, pois é um sinal de que algo não está bem. Com sensibilidade e paciência, é possível investigar a causa e promover mudanças que devolvam ao seu cão a alegria de sair para explorar o mundo.
Se o seu cachorro está evitando caminhar ou demonstra sinais de dor e desconforto, não espere o problema se agravar. Agende uma consulta conosco e descubra a causa do problema com precisão.
Referências bibliográficas:
Landsberg, G. M., Hunthausen, W., & Ackerman, L. (2012). Behavior Problems of the Dog and Cat (3rd ed.). Saunders Elsevier.
Overall, K. L. (2013). Manual of Clinical Behavioral Medicine for Dogs and Cats. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972) especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades.